17 de dezembro de 2008

Minha arte


Eu...
Não posso mudar o dia de ontem;
Já passou;
Não posso viver o amanhã;
Ainda não chegou;
A única coisa que quero e posso fazer,
é viver o hoje intensamente e torná-lo
o mais agradavel que puder;
Vou viver o dia hoje aproveitando cada segundo;
dizer todas as palavras,amar e ser amada;
E,se o sol brilhar,será maravilhoso;
Se ele se esconder nas núvens,continuará sendo,
o que importa de verdade é estarmos vivos;
E sabermos,o sol existe,e em qualquer momento ele brilhará;
Nem sempre há choro,a vida nos trás alegrias inesquecíveis!

16 de dezembro de 2008

Pequeno-ao meu filho

E esta foi ao ve-lo nos meus braços pela primeira vez.Inesquecível!

Pequeno
Indefeso com olhar penetrante, inesquecível momento de uma mulher;
Depois de extrema dor poder olhar e ver aquele pequeno ser;
Seu primeiro olhar parece dizer, te conheço!
Lembro-me de tua voz,do teu cheiro;
Ele não sabe que sou sua mãe,somente sente que eu o amo;
Ah se você soubesse quantos planos já fiz pro teu futuro,
Sei sou inexperiente mais meu instinto me guia nos teus cuidados;
Parece que pressinto quando estas com fome, os meus seios de mãe dão sinal;
O teu medo, tuas carências, parece que tenho um alarme a me guiar;
Quantas noites que não durmo me sinto feliz realizada mesmo;
O melhor de ser mãe é tudo;
É poder curtir cada momento, cada descoberta do filho,
Oh o primeiro dentinho, a primeira palavra, o primeiro passo e tudo mais;

Ser mãe

Esta poesia nasceu em meu coração no momento em que descobri que seria mãe pela primeira vez,lindo demais para ser guardada só para mim...

Ser mãe
Me lembro,como se fosse hoje;
Eu quis muito,esperei ansiosa por este momento e chegou,
Já me sinto mãe,vou te guardar nove meses,estou sensível,
É um misto de alegria ,medo,ansiedade,um filho.
Será que serei capaz de criá-lo,como vai ser seu rostinho,
sim eu já o amo,e quando pela primeira vez pude ouvir teu coração bater não suportei e chorei.
Não !não de tristeza,mais uma imensa alegria invadiu meu
Ser ,agora tudo tem razão de ser,o som lindo,tua vida ,o som do teu coração...
Agora alguns meses já se passaram e posso sentir você mexer,
Valeu a pena cada mudança que esta ocorrendo em meu corpo
Te amo,como nunca amei alguém.

Um pouco de mim nas minhas poesias

GratidãoIvaneide B.S

Hoje pela manhã abri meus olhos e num gesto de gratidão sorri;
Sorri pelo simples fato de ter acordado afinal se pararmos pra pensar...
Viver é um dos dons mais bonitos e preciosos;
Por que viver é saber deliciar-se de cada momento, gesto, presença...
Acordar é receber de Deus mais uma chance....
Uma chance de valorizar, viver não é só existir...
È abraçar esta chance como se fosse a última...
Se entregando por inteiro em uma dança única...
Em movimentos do amor, em carinhos, entregas e finalmente conquistas...
Cada momento é único,cada segundo exclusivo,cada gesto importante,vale viver cada instânte.
Afinal, o que é a vida? Se nela passarmos sem sorrir,sem chorar;
A luta diária faz parte para podermos dizer: _venci,conquistei,consegui...
A conquista mais dificil é mais saborosa,o fruto mais raro é mais caro...
Quero viver lutando e sentindo a cada dia o sabor de uma nova conquista...

23 de junho de 2008

15 de dezembro de 2008

resumo do semestre


A conquista de algo que lutamos e por méritos próprios conseguimos conquistar, claro que com ajuda de Deus, certamente se torna de muito valor...E foi isso que aconteceu comigo,é uma vitória ter sido aprovada e comemorar hoje ,o sabor de estar cursando Pedagogia.
Neste semestre conheci amigas que pretendo reservar a nossa amizade por muitos anos,foi ótimo...
Língua Portuguesa-seminário sobre o PCN ,falei sobre texto literário e utilizei o conteúdo contido abaixo e também sobre a reflexão sobre a língua,a cada apresentação dos colegas era vários conhecimentos adicionados ao meu currículo.Para finalizar,a elaboração do nosso jornal,ah já estava me esquecendo da nossa rádio,Vencemos!!!
História da educação-como aprendi,a nossa professora sabe muito e o bom sabe passar de uma forma bem espontânea ,os temas dos seminários todos escolhidos para se completarem,o meu grupo falou sobre o ensino técnico no Brasil,aprendi muito e o que mais gostava era quando incluía no ensino de história o conteúdo cultural,músicas,cinemas,artes,...
Sociologia da educação-conhecer os pensadores como Platão e a teoria da caverna, Emily Durkeim, e outros.Horas de aprendizagem e sem falar no contexto social e aprender lidar com o educando.
Prática de ensino-mistura de todas as disciplinas,relembrar minha infância através da elaboração do memorial de vida foi me conhecer melhor e entender os porquês ...
Os eventos que participamos como a palestra sobre sustentabilidade e responsabilidade social,peças,...
Para finalizar o PPI ,conheci uma área muito promissora “Pedagogia Empresarial”,o máximo...
Estou feliz e coloquei abaixo alguns conteúdos que utilizei na construção deste aprendizado,Obrigada a todos!!
Feliz ano novo e acreditem ,estou pronta para mais um semestre!

11 de dezembro de 2008

conheça um pouco de um grande pensador

Platão
Para o primeiro pedagogo educaçao era questao politica. O filósofo grego previu um sistema de ensino que mobilizava toda a sociedade para formar sábios e encontrar a virtude
Na história das idéias, o grego Platão (427-347 a.C.) foi o primeiro pedagogo, não só por ter concebido um sistema educacional para o seu tempo, mas, principalmente, por tê-lo integrado a uma dimensão ética e política. O objetivo final da educação, para o filósofo, era a formação do homem moral, vivendo em um Estado justo.

Platão foi o segundo da tríade dos grandes filósofos clássicos, sucedendo Sócrates (c. 470-399 a.C.) e precedendo Aristóteles (384-332 a.C.), que foi seu discípulo. Como Sócrates, Platão rejeitava a educação que se praticava na Grécia em sua época e que estava a cargo dos sofistas, incumbidos de transmitir conhecimentos técnicos, sobretudo a oratória, aos jovens da elite para torná-los aptos a ocupar as funções públicas. "Os sofistas afirmavam que podiam defender igualmente teses contrárias, dependendo dos interesses em jogo", diz Sérgio Augusto Sardi, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. "Platão, ao contrário, pensava em termos de uma busca continuada da virtude, da justiça e da verdade."

Para Platão, "toda virtude é conhecimento". Ao homem virtuoso, segundo ele, é dado conhecer o bem e o belo. A busca da virtude deve prosseguir pela vida inteira — portanto, a educação não pode se restringir aos anos de juventude. Educar é tão importante para uma ordem política baseada na justiça — como Platão preconizava — que deveria ser tarefa de toda a sociedade.

Escola ideal seria pública e para todos
Baseado na idéia de que os cidadãos que têm o espírito cultivado fortalecem o Estado e que os melhores entre eles serão os governantes, o filósofo defendia que toda educação era de responsabilidade estatal — um princípio que só se difundiria no Ocidente muitos séculos depois. Igualmente avançada, quase visionária, era a defesa da mesma instrução para meninos e meninas e do acesso universal à educação.

Contudo, Platão era um opositor da democracia — há até estudiosos que o consideram um dos primeiros idealizadores do totalitarismo. O filósofo via no sistema democrático que vigorava na Atenas de seu tempo uma estrutura que dava poder a pessoas despreparadas para governar. Quando Sócrates, que considerava "o mais sábio e o mais justo dos homens", foi condenado à morte sob acusação de corromper a juventude, Platão convenceu-se, de uma vez por todas, de que a democracia precisava ser substituída.

Para ele, o poder deveria ser exercido por uma espécie de aristocracia, mas não constituída pelos mais ricos ou por uma nobreza hereditária. Os governantes tinham de ser definidos pela sabedoria. Os reis deveriam ser filósofos e vice-versa. "Como pode uma sociedade ser salva, ou ser forte, se não tiver à frente seus homens mais sábios?", escreveu Platão.

Um império em decadência
Platão nasceu meses depois da morte de Péricles, o estadista mais identificado com a democracia de Atenas, e morreu dez anos antes da conquista do mundo grego por Felipe da Macedônia. Sua vida coincide em grande parte com a decadência do império ateniense. Platão construiu uma obra voltada para épocas anteriores. Por meio de seus escritos em forma de diálogos que as idéias de Sócrates puderam ser sistematizadas e divulgadas, uma vez que ele não deixou nenhum texto escrito. Nos diálogos, usualmente, Sócrates e um pensador sofista debatem um assunto até uma conclusão. Uma vez que Platão não se coloca como personagem, restou a seus intérpretes póstumos distinguir as idéias de Sócrates das do próprio Platão. A obra platônica foi sistematizada no início da era cristã. Os títulos mais célebres são O Banquete e A República.

O cristianismo na Idade Média se apropriou do pensamento platônico por se identificar, entre outras, com a idéia de que em todas as coisas há uma essência, que se encontra num plano supra-real.

Estudo permanente conduz à sabedoria
A educação, segundo a concepção platônica, visava a testar as aptidões dos alunos para que apenas os mais inclinados ao conhecimento recebessem a formação completa para ser governantes. Essa era a finalidade do sistema educacional planejado pelo filósofo, que pregava a renúncia do indivíduo a favor da comunidade. O processo era longo, porque Platão acreditava que o talento e o gênio só se revelam aos poucos.

A formação dos cidadãos começaria antes mesmo do nascimento, pelo planejamento eugênico da procriação. As crianças deveriam ser tiradas dos pais e enviadas para o campo, uma vez que Platão considerava corruptora a influência dos mais velhos. Até os 10 anos, a educação seria predominantemente física e constituída de brincadeiras e esporte. A idéia era criar uma reserva de saúde para toda a vida. Em seguida, começaria a etapa da educação musical (abrangendo música e poesia), para se aprender harmonia e ritmo, saberes que criariam uma propensão à justiça, e para dar forma atrativa a conteúdos de Matemática, História e Ciência. Depois dos 16 anos, à música se somariam os exercícios físicos, para equilibrar força muscular e aprimoramento do espírito.

Aos 20 anos, os jovens seriam submetidos a um teste para saber que carreira deveriam abraçar. Os aprovados receberiam, então, mais dez anos de instrução e treinamento para o corpo, a mente e o caráter. No teste que se seguiria, os reprovados se encaminhariam para a carreira militar e os aprovados para a filosofia — nesse caso, os objetivos dos estudos seriam pensar com clareza e governar com sabedoria. Aos 35 anos, terminaria a preparação dos reis- filósofos. Mas ainda estavam previstos 15 anos de vida em sociedade, testando os conhecimentos entre os homens comuns e trabalhando para se sustentar. Somente os que fossem bem-sucedidos se tornariam governantes ou "guardiães do Estado".

O aprendizado como reminiscência
Platão defendia a idéia de que a alma precede o corpo e que, antes de encarnar, tem acesso ao conhecimento. Dessa forma, todo aprendizado não passaria de reminiscência — um dos princípios centrais do pensamento do filósofo.

Com base nessa teoria, que não encontra eco na ciência contemporânea, Platão defendia uma idéia que, paradoxalmente, sustenta grande parte da pedagogia atual: não é possível ou desejável transmitir conhecimentos aos alunos, mas, antes, levá-los a procurar respostas, eles mesmos, a suas inquietações.

Por isso, o filósofo rejeitava métodos de ensino autoritários. Ele acreditava que se deveria deixar os estudantes, sobretudo as crianças, à vontade para que pudessem se desenvolver livremente. Nesse ponto, a pedagogia de Platão se aproxima de sua filosofia, em que a busca da verdade é mais importante do que dogmas incontestáveis. O processo dialético platônico — pelo qual, ao longo do debate de idéias, depuram-se o pensamento e os dilemas morais — também se relaciona com a procura de respostas durante o aprendizado. "Platão é do mais alto interesse para todos que compreendem a educação como uma exigência de que cada um, professor ou aluno, pense sobre o próprio pensar", diz o professor Sardi.

BIOGRAFIA
Platão nasceu por volta de 427 a.C. em uma família aristocrática de Atenas. Quando tinha cerca de 20 anos, aproximou-se de Sócrates, mas tudo indica que não foi seu discípulo. Era amigo do filósofo, por quem tinha grande admiração. Comoa maioria dos jovens de sua classe, quis entrar na política. Contudo a oligarquia e a democracia lhe desagradaram. Com a condenação de Sócrates à morte, Platão decidiu se afastar de Atenas e saiu de viagem pelo mundo. Numa de suas últimas paradas, esteve na Sicília, onde fez amizade com Dion, cunhado do rei de Siracusa, Dionísio I. De volta a Atenas, com cerca de 40 anos, Platão fundou a Academia, um instituto de educação e pesquisa filosófica e científica que rapidamente ganhou grande prestígio. Três décadas depois, o filósofo foi convidado por Dion a viajar a Siracusa para educar seu sobrinho Dionísio II, que se tornara imperador com a morte do pai. A missão foi frustrada por intrigas políticas que terminaram num golpe dado por Dion. Platão morreu por volta de 347 a.C. Já era um homem admirado em toda Atenas.

"A educação deve propiciar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter"
Para pensar
Platão acreditava que, por meio do conhecimento, seria possível controlar os instintos, a ganância e a violência. Hoje poucos concordam com isso; a causa principal foram as atrocidades cometidas pelos regimes totalitários do século 20, que prosperaram até em países cultos e desenvolvidos, como a Alemanha. Por outro lado, não há educação consistente sem valores éticos. Você já refletiu sobre essas questões? Até que ponto considera a educação um instrumento para a formação de homens sábios e virtuosos?

"Ao longo dos anos, os antigos encontraram uma boa receita para a educação: ginástica para o corpo e música para a alma"
Fonte: novaescola.abril.com.br

Texto literário e texto não-literário


Relacionando o texto literário ao não-literário, devemos considerar que o texto literário tem uma dimensão estética, plurissignificativa e de intenso dinamismo, que possibilita a criação de novas relações de sentido, com predomínio da função poética da linguagem. É, portanto, um espaço relevante de reflexão sobre a realidade, envolvendo um processo de recriação lúdica dessa realidade. No texto não-literário, as relações são mais restritas, tendo em vista a necessidade de uma informação mais objetiva e direta no processo de documentação da realidade, com predomínio da função referencial da linguagem, e na interação entre os indivíduos, com predomínio de outras funções.

A produção de um texto literário implica:
· a valorização da forma
· a reflexão sobre o real
· a reconstrução da linguagem
· a plurissignificação
· a intangibilidade da organização lingüística

2.1 valorização da forma

O uso literário da língua caracteriza-se por um cuidado especial com a forma, visando a exploração de recursos que o sistema lingüístico oferece, nos planos fônico, prosódico, léxico, morfo-sintático e semântico.

Não é o tema, mas sim a maneira como ele é explorado formalmente que vai caracterizar um texto como literário. Assim, não há temas específicos de textos literários, nem temas inadequados a esse tipo de texto.

Os dois textos que seguem têm o mesmo tema - o açúcar: no primeiro, a função poética é predominante. É uma das razões para ser considerado um texto literário. Já no segundo, puramente informativo, há o predomínio da função referencial.

"O açúcar" (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, pp.227-228)

O açúcar

O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.

Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.

Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
"A cana-de-açúcar" (Vesentini, J.W. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo, Ática, 1992, p.106)

A cana-de-açúcar

Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A região que durante séculos foi a grande produtora de cana-de-açúcar no Brasil é a Zona da Mata nordestina, onde os férteis solos de massapé, lém da menor distância em relação ao mercado europeu, propiciaram condições favoráveis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional de cana-de-açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir o açúcar, que em parte é exportado e em parte abastece o mercado interno, a cana serve também para a produção de álcool, importante nos dias atuais como fonte de energia e de bebidas. A imensa expansão dos canaviais no Brasil, especialmente em São Paulo, está ligada ao uso do álcool como combustível.

Comentários sobre os textos: "O açúcar" e "A cana-de-açúcar"

O texto "O açúcar" parte de uma palavra do domínio comum - açúcar - e vai ampliando seu potencial significativo, explorando recursos formais para estabelecer um paralelo entre o açúcar - branco, doce, puro - e a vida do trabalhador que o produz - dura, amarga, triste.

a) associações lexicais entre vocábulos do mesmo campo semântico:

açúcar açucareiro adoçar
dissolver usina
cana
canavial
plantar
colher mercearia
comprar
vender

b) relações antitéticas: vida amarga e dura x açúcar branco e puro

c) comparações: a comparação é o confronto de idéias por meio de conectivos, de palavras que explicitam o que está sendo comparado. Na comparação, um termo se define em função do que sabemos de outro:

"Vejo-o [o açúcar] puro e afável como beijo de moça

(como) água na pele

(como) flor que se dissolve na boca

No texto "A cana-de-açúcar", de expressão não-literária, o autor informa o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares onde é produzida, como teve início seu cultivo no Brasil, etc.

Para caracterizar ou explicitar a diferença entre função informativa e função artístico-literária da linguagem, através do confronto entre um determinado dado da realidade e o mesmo dado, reaproveitado em uma obra artística, podem ser comparadas as seguintes situações:
a) o barulho de buzinas na rua e uma música que use esse mesmo som;
b) o som de vozes de crianças brincando e a música Domingo no Parque (Gilberto Gil);
c) o som de uma cavalgada e a música Disparada ( Geraldo Vandré );
d) uma foto de jornal - uma foto dos sem-terra e um quadro - Os retirantes, de Portinari - com o mesmo tema da foto;
e) várias cenas do cotidiano e uma colagem de Glauco Rodrigues;
f) imagens de pessoas se movimentando e uma escultura representando pessoas;
g) uma pequena crítica sobre a passagem de uma escola de samba e a música Foi um rio que passou em minha vida ( Paulinho da Viola).

2.2 reflexão sobre o real

Em lugar de apenas informar sobre o real, ou de produzi-lo, a expressão literária é utilizada principalmente como um meio de refletir e recriar a realidade, reordenando-a. Isso dá ao texto literário um caráter ficcional, ou seja, o texto literário interpreta aspectos da realidade efetiva, de maneira indireta, recriando o real num plano imaginário.

Refletindo a experiência cultural de um povo, o texto literário contribui para a definição e para o fortalecimento da identidade nacional. Por isso, num país como o Brasil, onde as características culturais precisam ainda ser revitalizadas e valorizadas, as artes desempenham um papel muito importante.

A título de exemplo, citamos Platão e Fiorin (1991), que dizem: "Graciliano Ramos, em VIDAS SECAS, inventou um certo Fabiano e uma certa Sinhá Vitória para revelar uma verdade sobre tantos fabianos e sinhás vitórias, despossuídos de quase todos os bens materiais e culturais, e por isso degradados ao nível da animalidade."

2.3 recriação da linguagem (desautomatização) No texto literário, relacionada ao processo de recriação do real, ocorre a desautomatização da linguagem. Assim, pela reinvenção dos procedimentos lingüísticos normalmente utilizados no cotidiano, a expressão literária desconstrói hábitos de linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento de novas formas de dizer. O uso estético da linguagem pressupõe criar novas relações entre as palavras, combinando-as de maneira inusitada, singular, revelando assim novas formas de ver o mundo.

Apresentamos, a seguir, três textos que exemplificam esse processo: os dois primeiros, que tratam do mesmo tema, são comparados em relação aos recursos lingüísticos utilizados, o que os caracteriza como literário e não-literário, respectivamente.

Texto 7 - "A queimada" (Fragmento. Graça Aranha. Canaã, Rio de Janeiro,F.Briguiet, pp.111-113)

Texto 8 - "Incêndio destrói prédio de 4 andares no Centro" (Jornal do Brasil, 19/02/97)

Texto 9 - "Carnaval" (Graça Aranha, A viagem maravilhosa. Apud William Cereja e Thereza Magalhães. Português: linguagens. São Paulo, Atual, 1990, p.178)

Texto 7 A queimada

Num alvoroço de alegria, os homens viam amarelecer a folhagem que era a carne e fender-se os troncos firmes, eretos, que eram a ossatura do monstro. Mas o fogo avançava sobre eles, interrompendo-lhes o prazer. Surpresos, atônitos, repararam que a devastação tétrica lhes ameaçava a vida e era invencível pelo mato adentro, quase pelas terras alheias. (...) O aceiro foi sendo aberto até que o fogo se aproximou; a coluna, como um ser animado, avançava solene, sôfrega por saciar o apetite. Sobre a terra queimada na superfície, aquecida até o seio, continuava a queda dos galhos. O fogo não tardou a penetrar num pequeno taquaral. Ouviam-se sucessivas e medonhas descargas de um tiroteio, quando a taboca estalava nas chamas. O fumo crescia e subia no ar rubro, incendiado, os estampidos redobravam, as labaredas esguichavam, enquanto a fogueira circundava num abraço a moita de bambus.

(Fragmento. Graça Aranha. Canaã, Rio de Janeiro,F.Briguiet, pp.111-113)

Texto 8
Incêndio destrói prédio de 4 andares no Centro

Um incêndio, possivelmente provocado por um curto-circuito, destruiu no início da madrugada de ontem um prédio de quatro andares na Rua Teófilo Otoni, 38, no Centro. O fogo começou no primeiro andar, onde funcionava uma empresa especializada na venda e fabricação de componentes eletrônicos, a Mec Central. O prédio era de construção antiga e estava em obras; como havia grande quantidade de madeira estocada, a propagação do fogo foi rápida. A ação dos bombeiros evitou que prédios vizinhos fossem atingidos pelas chamas. Não houve feridos.
(Jornal do Brasil, 19/02/97)

Comentários sobre os textos 7 e 8 : "A Queimada" e "Incêndio destrói prédio de 4 andares no Centro"

Reconhecemos o texto 7, "A Queimada", como um texto literário, por apresentar inúmeros recursos expressivos: metáforas (folhagem/carne; troncos/ossos; o ar rubro) e comparações (a coluna, como um ser animado, avançava solene). O autor fala da queimada como se ela fosse um ser vivo, atribuindo-lhe características próprias de seres animados, como solene, sôfrega, cheia de apetite. Neste texto, o plano do conteúdo, a descrição de uma queimada, é recriado no plano da expressão.

No texto 8, "Incêndio destrói prédio de 4 andares no Centro", o leitor passa pelo plano da expressão e vai direto ao conteúdo para entender, informar-se. Trata-se, por isto, de um texto não-literário, cuja finalidade é documentar, transmitir notícias. A linguagem deste texto é denotativa, não apresenta nenhuma combinação nova ou inusitada de palavras; seu conteúdo pode ser resumido sem prejuízo da informação que ele contém.

Texto 7 Texto 8
"a coluna avançava solene e sôfrega"
"o incêndio começou no primeiro andar"
"a propagação foi rápida"

adjetivação metafórica:
troncos firmes e eretos
descargas medonhas
ar rubro
ausência de adjetivação: o incêndio,
o fogo,
o prédio,
propagação do fogo,
a ação dos bombeiros.
Texto 9

Carnaval

Maravilha do ruído, encantamento do barulho. Zé Pereira, bumba, bumba. Falsetes azucrinam, zombeteiam. Viola chora e espinoteia. Melopéia negra, melosa, feiticeira, candomblé. Tudo é instrumento, flautas, violões, reco-recos, saxofones, pandeiros, liras, gaitas e trombetas. Instrumentos sem nome inventados subitamente no delírio da improvisação, do ímpeto musical. Tudo é encanto. Os sons se sacodem, berram, lutam, arrebentam no ar sonoro dos ventos, vaias, klaxons, aços estrepitosos. Dentro dos sons movem-se cores, vivas , ardentes, pulando, dançando, desfilando sob o verde das árvores, em face do azul da baía no mundo dourado. Dentro dos sons e das cores, movem-se os cheiros, cheiro de negro, cheiro mulato, cheiro branco, cheiro de todos os matizes, de todas as excitações e de todas as náuseas. Dentro dos cheiros, o movimento dos tatos violentos, brutais, suaves, lúbricos, meigos, alucinantes. Tatos, sons, cores, cheiros se fundem em gostos de gengibre, de mendubim, de castanhas, de bananas, de laranja, de bocas e de mucosa. Libertação dos sentidos envolventes das massas frenéticas, que maxixam, gritam, tresandam, deslumbram, saboreiam, de Madureira à Gávea, na unidade do prazer desencadeado. (Graça Aranha, A viagem maravilhosa.
Apud William Cereja e Thereza Magalhães. Português: linguagens. São Paulo, Atual, p.178)

Comentários sobre o texto 9 - "Carnaval"

Neste texto, os cinco sentidos são explorados de maneira simbólica e inusitada: sons, cores, cheiros, tatos e gostos vão se sucedendo para descrever o carnaval, seu ambiente, a mistura de raças, o contato físico entre as pessoas, a euforia da festa.

Em primeiro lugar, ruídos e sons de diversos instrumentos enchem o ar. Acompanhando esses sons, as cores da natureza e das fantasias se movem, desfilam. Ao ritmo dos sons e cores, movem-se as pessoas das diversas raças, misturando seus cheiros, variados e inebriantes, tocando-se das mais diversas formas: pela luta, pelo carinho, pela sexualidade. Esse contato íntimo conduz a uma fusão de bocas e gostos.

Tudo isto é o carnaval - "libertação dos sentidos", proporcionando um "prazer desencadeado". O autor, observador atento de uma cena, expressa seu modo de ver o mundo, suas preferências, seu estado emocional. Ele não descreve o que vê, mas o que pensa ver, o que sente, combinando as palavras de forma inesperada, revelando novas imagens decorrentes dessas combinações.

Sons:
· viola chora e espinoteia
· os sons se sacodem, berram, lutam, arrebentam no ar sonoro ...
Cores:
· movem-se cores, vivas, ardentes, pulando, dançando, desfilando ...
Cheiros:
· movem-se os cheiros, cheiro de negro, cheiro mulato, cheiro branco,
cheiro de todos os matizes, de todas as excitações e de todas as náuseas.
Tato:
· o movimento dos tatos violentos, brutais, suaves, lúbricos, meigos, alucinantes.
Gosto:
· gostos de gengibre, de mendubim, de castanhas, de bananas, de laranja,
de bocas e de mucosa.

2.4 Plurissignificação O trabalho de recriação que se efetiva na construção do texto literário é uma atividade lúdica, uma brincadeira com a linguagem. Por isso, o texto literário provoca um prazer estético em seu fruidor, como acontece nas outras manifestações artísticas. Enquanto atividade de recriação, a expressão literária se caracteriza pela conotação , criando novos significados, ao passo que a expressão não-literária se reconhece pelo seu caráter denotativo . No texto literário, faz-se igualmente um amplo uso de metáforas e metonímias, com o objetivo de despertar no leitor o prazer estético. Isto é o que define seu caráter plurissignificativo.

Texto 10 - "Acrobatismo" (Cassiano Ricardo) Acrobatismo


Parou o vento. Todas as árvores
quiseram ver o salto original.
Então
quedaram-se todas
com os seus anéis azuis de orvalho
e os seus colares de ouro teatral,
prestando muita atenção.

Foi como se um silêncio fofo de veludo
Começasse a passear seus pés de lã por tudo.
Nisto uma folha sai, muito viva, de uma rama,
e vai cair sem o menor rumor
sobre o tapete da grama.

É um louva-a-deus lépido e longo
que se jogou de um trapézio
como um pequeno palhaço verde
e lá se foi a rodopiar
às cambalhotas
no ar.

Comentários sobre o texto 10 - "Acrobatismo"

Neste poema, há um amplo uso de metáforas, isto é, uso de palavras fora do seu sentido normal. Segundo Mattoso Câmara Jr. (1978), a metáfora "consiste na transferência de um termo para um âmbito de significação que não é o seu". Fundamenta-se "numa relação toda subjetiva, criada no trabalho mental de apreensão."

Assim, por exemplo, entre a folha e o louva-a-deus traços comuns como a leveza de movimento, a cor, permitem que se estabeleça entre eles uma relação, a partir da qual se cria uma metáfora. O mesmo acontece entre o trapézio e o galho de onde o inseto se jogou no ar (um traço comum entre eles é, por exemplo, a forma); entre o palhaço verde e o louva-a-deus (traços comuns: a cor, a acrobacia de um e outro); entre o tapete de grama e o chão recoberto de vegetação (têm em comum a cor, a maciez).

Mais informações sobre os conceitos de conotação e de denotação são apresentados no item 1 do índice.

2.5 intangibilidade da organização lingüística

Uma das características do texto literário é a sua intangibilidade, sua intocabilidade. As palavras que foram utilizadas e a maneira escolhida pelo autor para combiná-las são próprias de cada texto, e não devemos alterá-las sob o risco de mutilar ou comprometer a intenção do autor. Não podemos, portanto, num texto literário, mudar a posição em que as palavras foram colocadas, suprimir ou acrescentar vocábulos, substituir vocábulos por sinônimos, resumir as idéias. A esse respeito, o poeta francês Paul Valéry diz que, quando se resume um texto não-literário, apreende-se o essencial; quando se resume um texto literário, perde-se o essencial.

Podemos, por exemplo, perguntar a diversas pessoas o que pensam sobre o tema da separação amorosa. Poderão surgir, a partir de suas respostas, textos líricos, poéticos e textos não-literários. No Soneto da Separação, Vinícius de Moraes revela a sua maneira peculiar de tratar esse tema. Pelo trabalho com a linguagem, pelo uso de recursos poéticos, seu soneto é um texto literário.

Texto 11 Soneto da Separação


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mão espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Apresentamos, a seguir, um poema de Ferreira Gullar (texto 12) , a partir do qual são feitos comentários que evidenciam algumas características da expressão literária apontadas no embasamento teórico.

Texto 12
Meu povo, meu poema


Meu povo e meu poema crescem juntos
como cresce no fruto
a ávore nova

No povo meu poema vai nascendo
como no canavial
nasce verde o açúcar

No povo meu poema está maduro
como o sol
na garganta do futuro

Meu povo em meu poema
se reflete
como a espiga se funde em terra fértil

Ao povo seu poema aqui devolvo
menos como quem canta
do que planta
Comentários sobre o texto 12
Quanto à relevância do plano da expressão/ desautomatização da linguagem, podemos observar:
a) a escolha de palavras que compõem as comparações do poema: o poema nasce como o açúcar, o povo e o poema crescem como a árvore nova. Estas comparações levam às metáforas: povo/terra onde brota poema/árvore.
b) o jogo entre as repetições de estruturas e a quebra dessas repetições : "Meu povo e meu poema" , "no povo meu poema", "Ao povo seu poema."
c) a rima na última estrofe: canta/planta reforça as metáforas básicas do poema: povo/terra, poema/árvore.
d) a personificação : "Como o sol na garganta do futuro."

Dois planos foram explorados -- o do real e o da recriação da realidade:

Real -> o campo da agricultura: plantar, crescer, terra fértil.

Recriação -> o poeta associa a germinação e a fertilidade à palavra poética; o poeta é comparado a um plantador; o poema é o fruto que ele produz (metáfora).

Um outro exemplo interessante para mostrar a desautomatização da linguagem encontramos no poema Som, de Carlos Drummond de Andrade (texto 15), em que o autor, ao invés de usar a expressão hoje em dia, já cristalizada na língua, cria a expressão hoje-em-noite.

2.6 recursos fônicos característicos da literariedade O escritor de um texto literário, ao explorar conteúdos, procura recriar a linguagem, e, para essa recriação, utiliza recursos variados. São alguns deles:

· ritmos
· sonoridades
· rimas e aliterações

a) Ritmo - evidencia-se pela alternância de sílabas que apresentam maior ou menor intensidade em sua enunciação.

Texto 13 Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!

(Casimiro de Abreu)

Textos literários em prosa também podem apresentar efeitos sonoros e rítmicos. Como exemplo, transcrevemos um trecho do romance "Gabriela, cravo e canela", de Jorge Amado (texto 14)

Texto 14

"Gabriela ia andando, aquela canção ela cantara em menina. Parou a escutar, a ver a roda rodar. Antes da morte do pai e da mãe, antes de ir para a casa dos tios. Que beleza os pés pequeninos no chão a dançar! Seus pés reclamavam, queriam dançar. Resistir não podia, brinquedo de roda adorava brincar. Arrancou os sapatos, largou na calçada, correu pros meninos. De um lado Tuísca, de outro lado Rosinha. Rodando na praça, a cantar e a dançar." (Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado)

Este texto, em forma de prosa, apresenta um ritmo e uma sonoridade que nos fazem lembrar os textos em verso. Existem nele:
· rimas (escutar, rodar, dançar, brincar);
· inversões que contribuem para o ritmo e a rima (os pés pequeninos no chão a dançar, brinquedo de roda adorava brincar);
· frases curtas com um número aproximado de sílabas:

seus pés reclamavam
queriam dançar
resistir não podia
brinquedo de roda
adorava brincar

de um lado Tuísca
de outro lado Rosinha
rodando na praça
a cantar e a dançar
Seja em prosa, seja em verso, o texto poético contribui para o enriquecimento da linguagem, explorando a sonoridade e o ritmo das palavras e atribuindo-lhes novos sentidos, mesmo quando essas palavras são as do dia-a-dia.
b) Sonoridade - por meio da sonoridade de um texto, é possível prolongar, evidenciar ou transformar o sentido que o léxico e a sintaxe dão às palavras e às frases.

Texto 15
Som

Nem soneto nem sonata
vou curtir um som
dissonante dos sonidos
som
ressonante de sibildos
som
sonotinto de sonalhas
nem sonoro nem sonouro
vou curtir um som
mui sonso, mui insolúvel
som não sonoterápico
bem insondável, som
de raspante derrapante
rouco reco ronco rato
som superenrolado
com se sona hoje-em-noite
vou curtir, vou curtir um som
ausente de qualquer música
e rico de curtição
(Carlos Drummond de Andrade.
Poesia e prosa.
Rio de Janeiro, Aguillar, 1979, p.784)


Neste poema, aproveitando as associações de significantes, o poeta faz a palavra som ecoar o tempo todo, sob a forma de palavras derivadas de som, ou de vocábulos que apresentam a seqüência fônica s o n, sem relação semântica com a palavra som. Observe:

soneto sonouro
sonata sonoro
dissonante sonso
sonidos insolúvel
ressonante sonoterápico
sontinto insondável
sonalhas sona
Há também uma seqüência onomatopaica, reproduzindo o ruído estridente da música moderna:

ressonante reco
derrapante ronco
raspante rato
rouco superenrolado

c) Rimas e aliterações - fonemas que se repetem com uma freqüência maior que a esperada podem contribuir para a harmonia do poema; muitas vezes essa repetição serve para reproduzir o ruído daquilo de que fala o poema, como nestes versos de Murilo Araújo, em que a insistência do [i] sugere o barulho provocado pelos grilos.

Texto 16
O trilo dos grilos, tímido,
de aço fino,
esgrime, com o raiozinho dos astros, límpido,
argentino.
No poema de Cruz e Souza, a repetição do fonema [v] contribui para o efeito sonoro dos versos e evidencia, mais uma vez, o uso poético da linguagem.

Texto 17
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Nesta estrofe do soneto de Alphonsus de Guimaraens, Hão de chorar por ela os cinamomos, a repetição de vogais nasais e fechadas contribui para reforçar o conteúdo triste e sombrio.
Texto 18
Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.
Rima é a conformidade ou identidade de fonemas, que ocorre geralmente no final de dois versos diferentes, podendo aparecer também entre vocábulos no interior dos versos. Existem muitas possibilidades de disposição das rimas nas estrofes do poema. As mais freqüentes são as emparelhadas, as alternadas, as opostas, as encadeadas, as misturadas.

Além disso, as rimas podem ser classificadas em função da sua riqueza, que é definida pelo maior ou menor número de fonemas associados, pelas classes das palavras que rimam pela raridade das terminações. Neste sentido, as rimas podem ser perfeitas, imperfeitas, pobres, ricas, preciosas.

O texto abaixo exemplifica rimas emparelhadas, porque se sucedem duas a duas, e ricas, pois as palavras que rimam pertencem a diferentes classes gramaticais (retalha/toalha: verbo e substantivo; multicores/amores: adjetivo e substantivo; secreta/poeta: adjetivo e substantivo)

Texto 19
Queixas do poeta

No rio caudaloso que a solidão retalha,
na funda correnteza na límpida toalha,
deslizam mansamente as garças alvejantes;
nos trêmulos cipós de orvalho gotejantes
embalam-se avezinhas de penas multicores
pejando a mata virgem de cânticos de amores;
mais presa de uma dor tantálica e secreta
de dia em dia murcha o louro do poeta! ...
(Fagundes Varela)
A literatura é o veículo, por excelência, da linguagem em sua função poética, mas não é o único; podemos perceber também na publicidade, nas brincadeiras infantis, nos jogos de palavras, nos trocadilhos a presença da linguagem poética.


Fonte:acd.ufrj.br

Revisão de textos

É fundamental que os alunos compreendam como alguns aspectos gramaticais e ortográficos podem funcionar na organização textual, garantindo clareza e eficiência na comunicação e expressão de suas idéias.

É na revisão de texto que surge a oportunidade privilegiada de ensinar o aluno a utilizar o conhecimento que possui. O professor registra suas observações e assim terá subsídios para questionar o aluno, levando-o a raciocinar sobre o conceito até a formulação da regra gramatical.

A elaboração das regras toma um rumo mais construtivo quando, ao final de um processo, sob orientação de um professor, o aluno analisa e estabelece a regularidade da situação.


A aquisição dos conceitos gramaticais aponta para uma maneira de desenvolver o processo ensino-aprendizagem através da reflexão, investigação, exploração, construção e aplicação destes conceitos nos textos lidos e na comunicação oral.

O trabalho com ortografia busca promover a discussão com os alunos das regularidades ortográficas e a construção de regras.

O próprio escritor (aluno) analisa, avalia e corrige seus “erros” ortográficos. É importante desenvolver no aluno o sentido de que escrever é reescrever e revisar, buscando aperfeiçoar sua escrita, através das descobertas feitas sobre as convenções ortográficas e gramaticais.

Ao longo das séries, a sistematização das questões gramaticais e ortográficas intensifica-se de forma suficiente para assegurar que o aluno seja capaz de produzir textos gramaticalmente corretos.

6 de dezembro de 2008

Psicopedagogia



O DESENHO E A APRENDIZAGEM

Terezinha Véspoli de Carvalho
Garatujas, girinos, sóis, desenhos transparentes, e cada vez mais próximos da forma que podemos chamar de real, são as representações de como a criança lê o mundo, enxerga a vida, expressa o que sente.


Desenho, primeira manifestação da escrita humana. Continua sendo a primeira forma de expressão usada pala criança.
"Garatujas", "girinos", "sóis", desenhos "transparentes", e cada vez mais próximos da forma que podemos chamar de "real", são as representações de como a criança lê o mundo, enxerga a vida, expressa o que sente.
À medida que vai sendo alfabetizada, a escola se encarrega de afastar a criança desta forma de expressão e ela, como muitos de nós, vai dizendo que "não sabe desenhar".
Trabalho há mais de quinze anos com crianças de quatro a sete anos, como professora e, mais recentemente como psicopedagoga e, muitas vezes, senti grande tristeza em ouvir professoras de crianças em idade pré - escolar dizerem: "vou dar desenho mimeografado para meus alunos porque eles não sabem desenhar".
E eu pergunto: o que é este saber?
Por que proibir a criança de se expressar graficamente da forma como ela consegue?
Como querer que a criança use símbolos gráficos estipulados pelo adulto, que são as letras, se ela não elaborar sua idéia usando símbolos que ela conhece?
Expressar - se através do desenho é colocar sua vida no papel, com toda a emoção.
Através do desenho livre, a criança desenvolve noções de espaço, tempo quantidade, seqüência, apropriando-se do próprio conhecimento, que é construído respeitando seu ritmo.
Aprende também a função social da escrita pois sua comunicação, feita através do desenho ,pode ser compreendida por outras pessoas antes que ela aprenda a usar a escrita convencional para se comunicar.
Quando a criança se sentir madura, usará com mais facilidade os símbolos gráficos com os quais já vem tendo contato nas ruas, nos ônibus, nas propagandas que ela vê todos os dias e também na escola onde os usa formalmente.
Segundo Emília Ferrero, "aprendemos a ler lendo, a escrever escrevendo", e, como afirma Jean Piaget , quando aprendemos algo novo, temos que recorrer ao que já sabemos e nós nos apropriamos do desenho como forma de representação gráfica desde a primeira vez que temos contato com lápis e papel e conseguimos coordenar os movimentos do braço e da mão segurando o lápis e riscando o papel (o que pode acontecer por volta dos 2(dois) anos ou às vezes até antes desta idade) .
Mesmo que estes desenhos não possam ser interpretados com significado pelo adulto. Mesmo que a criança mude de idéia cada vez que perguntarmos o que ela desenhou.
Gostaria de ressaltar que é por isso que não devemos escrever no desenho da criança. Além da "obra" ser dela, ela muda de idéia a cada instante, principalmente antes dos 5 ( cinco) anos de idade .Portanto, a escrita do adulto é uma "invasão" sem proveito pois quando outra pessoa for olhar o mesmo desenho ele poderá ter outro significado.
O desenho precisa e deve ser sempre valorizado pelos educadores e a importância desta valorização deve ser compreendida e compartilhada pelos pais , uma vez que toda aprendizagem tem seu valor e o desenho é uma forma de aprendizagem.
Quando a criança é valorizada naquilo que sabe, sente prazer em aprender.
As letras demoram a ter significado para ela e nós teimamos em atropelá-la.
Se ela não consegue simbolizar da forma como sabe, como conseguirá se apropriar de algo que, algumas vezes , ainda não lhe atingiu ?
É claro que a criança deve ler e escrever muito, desde quando comece a demonstrar interesse. Aliás, esse interesse pode se manifestar antes do que se espera.
Já nos primeiros estágios, na escola de educação infantil, ela começa a identificar o próprio nome e o dos colegas, e deve ter a oportunidade de escrever palavras da forma como ela acha que devem ser escritas, testando, assim, suas hipóteses, como nos mostra Emília Ferrero, através de seus estudos amplamente divulgados.
Mas, a criança requer um tempo para diferenciar o desenho da escrita, e elaborar suas hipóteses e esse tempo deve ser respeitado.
É necessário, porém, que seu "saber" seja legitimado pelo adulto, isto é, é preciso que o adulto valorize as produções da criança como um "saber" legítimo, real e, para isso, a escola deve estar integrada com os pais e a comunidade.
As pessoas que fazem parte do universo da criança e de quem ela busca respeito e aprovação devem compreender o processo pelo qual ela passa e o que os professores estão fazendo nesse sentido valorizando, também, seus progressos na forma de expressão.
Se esse progresso não for valorizado, a criança pode se retrair sentindo - se inferiorizada e incapaz.
E ninguém é incapaz, todos temos capacidades e , quando somos valorizados naquilo que sabemos, desenvolvemos cada vez mais capacidades pois nos sentimos autorizados a alçar vôos cada vez mais altos.
Mas, se formos sempre julgados pelo que não sabemos, nos sentiremos cada vez mais fracos e incompetentes, permanecendo presos ao ninho, sem ousar alçar vôo para lugar algum.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Bossa, Nadia A e Vera Barros de Oliveira( orgs.) Avaliação psicopedagógica da criança de sete a onze anos 3a edição 1997 Ed. Vozes Petrópolis
Fernandez, Alicia A inteligência aprisionada abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família 2a reedição 1991 Artes Médicas Porto Alegre
Ferrero, Emilia & Teberosky, Ana psicogênese da língua escrita Trad Diana Myriam Lichtenstein, Liana Di Marco e Mário Corso Supervisão da tradução: Alfredo Néstor Jerusalinsky- psicanalista 3a edição 1990 Ed. Artes Médicas, Porto Alegre.
Moreira, Ana Angélica Albano o espaço do desenho coleção espaço ed. Loyola São Paulo
Furt, Hans G. Piaget e o Conhecimento: fundamentos teóricos; trad: Valerie Runjanek, 1974 ,ed. Forense Universitária, Rio de janeiro

4 de dezembro de 2008

sustentabilidade e responsabilidade social



falar de sustentabilidade é falar sobre o futuro não só nosso como das gerações vindouras.Queremos sim desenvolvimento economico, mais com responsabilidade social.
Desenvolvimento sustentável é a palavra do momento,gerar lucros preservando também o meio ambiente.Parece que finalmente o ser humano percebeu que as fontes naturais não são inesgotáveis.
Reciclar é um dos caminhos,e essa reciclagem inicia-se quando separamos o lixo doméstico,quando reutilizamos a água da lavagem das roupas para lavarmos o quintal,até mesmo quando damos uma nova cara ao arroz do almoço que sobrou,e por ai vai,além destas atitudes que parecem ser poucas mais não são se todos se conciêntizarem e assumirem esta postura,sabemos que o poder de decisão está em nossas mãos ,somos nós consumidores que decidimos quando nos propomos a consumir produtos de empresas que realizam um desenvolvimento sustentável.Fazemos nossa parte e exigimos que o comércio,empresas e governantes façam a deles.
Seja conciênte,preserve o meio ambiente!

3 de dezembro de 2008



O homem por detrás do balcão, olhava a rua de forma distraída, enquanto uma garotinha se aproximava da loja. Ela amassou o narizinho contra o vidro da vitrina. Os seus olhos da cor do céu, brilharam quando viu determinado objeto. Ela entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesas azuis:

"É para minha irmã. Você pode fazer um pacote bem bonito?"

O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou: "Quanto dinheiro você tem?"

Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão e, feliz, disse: "Isto dá, não dá?" Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.

"Sabe", continuou, "eu quero dar este presente para minha irmã mais velha. Desde que morreu nossa mãe, ela cuida da gente e não tem tempo para ela. Hoje é aniversário dela e tenho certeza que ela ficará feliz com o colar que é da cor dos olhos dela."

O homem foi para o interior da loja. Colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.

"Tome!" disse para a garota. "Leve com cuidado."

Ela saiu feliz saltitando pela rua abaixo. Ainda não acabara o dia, quando uma linda jovem de cabelos loiros e maravilhosos olhos azuis adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:

"Este colar foi comprado aqui?"

"Sim senhora."

"E quanto custou?"

"Ah!" falou o dono da loja "o preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o freguês."

"Mas minha irmã somente tinha algumas moedas. E esse colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para pagar por ele."

O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu à jovem: "Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. Ela deu tudo que tinha!"

O silêncio encheu a pequena loja, e lágrimas rolaram pela face da jovem, enquanto suas mãos tomavam o embrulho. Ela retornava ao lar emocionada..."

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