28 de dezembro de 2011

Dinâmicas ,por quê?

Dinâmicas, por quê?

Ivaneide Bezerra da Silva


“o que escuto eu esqueço, o que vejo posso lembrar, o que faço não esqueço”.Provérbios chinês


É quase que consensual que em todas as reuniões pedagógicas aconteçam as já tão conhecidas dinâmicas, entretanto, não só, as dinâmicas acontecem também em palestras educacionais, religiosas, empresariais, entre tantos outros eventos que se faz necessário este recurso. A questão é que, nem todos entendem o porquê das dinâmicas, elas acontecem, marcam de certa forma aquele momento específico , sem entretanto se compreender por que o trabalho se desenvolve por meio das dinâmicas, e por muitas vezes se faz o questionamento, Porque simplesmente não se fala? Porque é preciso tudo isso?.
Para a construção deste artigo vou estar acompanhada das escritoras ,Susan Chiode Perpétuo e Ana Maria Gonçalves, autoras do livro “Dinâmicas de Grupos na formação de lideranças” e também da psicanalista Sandra Regina da Luz Inácio, no artigo , “Dinâmicas de grupo - desenvolve comportamento organizacional?”, traçarei alguns comentários acerca do tema em uma breve conclusão.
 O que são dinâmicas?
Busquei uma definição na tão famosa Wikipédia e segundo o que consta Dinâmica de grupo é:

uma ferramenta de estudo de grupos e também um termo geral para processos de grupo. Em psicologia e sociologia, um grupo são duas ou mais pessoas que estão mutuamente conectadas por relacionamentos sociais.[1] Por interagir e influenciarem-se mutuamente, grupos desenvolvem vários processos dinâmicos que os separam de um conjunto aleatório de indivíduos. Estes processos incluem normas, papéis sociais, relações, desenvolvimento, necessidade de pertencer, influência social e efeitos sobre o comportamento. O campo da dinâmica de grupo preocupa-se fundamentalmente com o comportamento de pequenos grupos. Grupos podem ser classificados como agregados, primários, secundários e grupos de categoria, tambem aplicado em testes para admissão em empregos.
A dinâmica de grupo forma a base da terapia de grupo, frequentemente com abordagem terapêutica, como na terapia familiar e na terapia expressiva. Políticos e vendedores podem lançar mão do conhecimento de princípios de dinâmica de grupo para seu próprio benefício. É muito utilizada pelos setores de Recursos Humanos na seleção de candidatos a emprego. Além disso, tem despertado interesse crescente por conta da interação social online viabilizada pela internet.
FONTE: WIKIPÉDIA

Segundo as autoras, que também definem as dinâmicas como ferramentas , de grande importância no processo coletivo do ensino-aprendizagem , não devem ser únicas neste processo, e nem tão pouco devem ser excluídas ou subestimadas. Elas devem ser utilizadas com objetivos previamente traçados e especificamente direcionados , obedecendo uma determinada estratégia educativa, buscando estimular a produção do conhecimento e a recriação deste conhecimento tanto no grupo/coletivo quanto no indivíduo/singular.

As autoras ainda afirmam que dinâmicas são meios e não fins, ou seja, ferramentas a serem utilizadas com planejamento.

PERPÉTUO e GONÇALVES ,2000, explica que o trabalho por meio da técnica de dinâmica de grupo poderá facilitar a discussão de temas complexos e polêmicos, além de estimular, que sejam externados conflitos, sejam estes individuais ou de grupos, tudo isso através de jogos, brincadeiras, dramatizações, técnicas participativas, oficinas vivenciais e um ambiente descontraído, com isso os participantes alcançam uma melhoria qualitativa na percepção de si mesmo e do mundo e, conseqüentemente, nas relações estabelecidas consigo mesmo, com o outro e com o mundo.

A Psicanalista Sandra Regina da Luz Inácio, que também aborda a questão das dinâmicas, coloca o seguinte:

A dinâmica de grupo é fundamental para o desenvolvimento e mudança de comportamento. Sendo assim, todos esses aprendizados somente serão efetivamente transformados em comportamento quando vivenciado.[...]Sendo assim, não podemos também utilizar a técnica pela técnica e sim ela aplicada a uma análise acompanhada de uma compreensão dos processos e fenômenos grupais. Portanto, a formação do profissional na área de humanas em condução de grupos é fundamental. (INÀCIO, )

 
PERPÉTUO e GONÇALVES ,2000, ainda abordam as questões relacionadas ao profissional, afirmando que para que o profissional consiga trabalhar de forma a considerar esta participação de todos , ele precisa optar por uma concepção de educação que valoriza tanto a teoria como a prática e considera todos os envolvidos neste processo como sujeitos históricos e participativos, pois o trabalho com dinâmica de grupo permite que as pessoas envolvidas passem por um processo de ensino-aprendizagem onde o trabalho coletivo é colocado como um caminho para se interferir na realidade, modificando-a. Isso porque a experiência do trabalho com dinâmica promove o encontro de pessoas onde o saber é construído junto, em grupo.
PERPÉTUO e GONÇALVES ,2000, levanta a questão dos saberes fragmentados e individuais, quando afirma que no trabalho com dinâmicas os conhecimento deixam de ser somente do indivíduo e passam a serem do grupo , porque são compartilhados e ainda tem a questão da construção desses saberes que é feita de forma integral, com o envolvimento total do sujeito, afetivamente e intelectualmente. Os sujeitos ainda são desafiados a análise individual e em grupo do desempenho e a comprovarem os resultados do aprendizado. Isso acontece somente se garantido a participação efetiva e constante de todos os participantes.
BREVES CONSIDERAÇÕES
Diante das colocações das autoras, é possível perceber que dinâmicas são ferramentas preciosas para se abordar temas complexos e até mesmo causadores de polêmicas , pois facilitam a exposição de opiniões e sentimentos, tanto quanto o processo de aprendizagem,não podendo, no entanto, serem absolutas no processo ensino-aprendizagem.

Por meio de técnicas de dinâmicas, associadas as teorias e planejadas para que se alcancem os objetivos propostos, são meios e não fins, portanto , precisam que todos os envolvidos estejam verdadeiramente participando , pois a construção dos saberes são feitos de forma integral, ou seja , do indivíduo com ele mesmo, com o objeto e com o grupo. Sendo de extrema necessidade que estes saberes sejam compartilhados.

Outra conclusão que se chega , é que por meio das dinâmicas é possível se modificar comportamentos, principalmente no que tange ao trabalho em grupo, habilidade esta que é importante no trabalho educacional.

BIBLIOGRAFIA
_________________PERPÉTUO, Susan Chiode e GONÇALVES, Ana Maria ,2000

.“Dinâmicas de Grupos na formação de lideranças”.
_________________INÁCIO,Sandra Regina da Luz. “Dinâmicas de grupo - desenvolve comportamento organizacional?” Disponível em: http://www.artigonal.com/administracao-artigos/dinamicas-de-grupo-desenvolve-o-comportamento-organizacional-644665.html. Acessado em 28 de dezembro de 2011.

26 de dezembro de 2011

Coordenador Pedagógico e suas tribuições

                                                          Ivaneide Bezerra da Silva

                                                                             Não é no silêncio que os homens se fazem,
                                                                             mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.
                                                                             Paulo Freire
Os cursos de pedagogia, capacita o profissional a além de ensinar na educação infantil até o quinto ano do ensino fundamental I,a também atuar na EJA Educação para jovens e adultos , tanto quanto coordenar e dirigir uma instituição como gestor.

Vamos conversar hoje sobre as atribuições do coordenador pedagógico, aquele que é sempre procurado nas instituições escolares, mas, que poucos sabem a sua importância .

O trabalho de coordenar é fazer a ponte entre as dimensões políticas, pedagógica e administrativa-financeira da gestão escolar, tornando o diálogo e as ações mais dinâmicas e integradas , sempre objetivando melhorias no processo ensino-aprendizagem estimulando renovações buscando o sucesso de todos os educandos.

O coordenador pedagógico é um profissional generalista da educação, sendo sua ação política , visível na forma de organizar e gestar o trabalho pedagógico, assumindo sempre postura crítica-reflexiva, diante da realidade cotidiana encontrada na escola.

Todos os profissionais da educação e todas as ações escolares devem estar embasadas nas leis vigentes, para tanto é de extrema importância que todos inclusive os coordenadores pedagógicos conheçam a legislação que ampara a área educacional nas três esferas: federal, estadual e municipal.



São atribuições do Coordenador Pedagógico nas unidades escolares:



• Coordenar, juntamente com a direção, a elaboração e responsabilizar-se pela divulgação e execução da Proposta Pedagógica da escola, articulando essa elaboração de forma participativa e cooperativa

• Organizar e apoiar principalmente as ações pedagógicas, propiciando sua efetividade;
• Estabelecer uma parceria com a direção da escola, que favoreça a criação de vínculos de respeito e de trocas no trabalho educativo;
• Acompanhar e avaliar o processo de ensino e de aprendizagem e contribuir positivamente para a busca de soluções para os problemas de aprendizagens identificados;

• Coordenar o planejamento e a execução das ações pedagógicas na escola;
• Atuar de maneira integrada e integradora junto à direção e à equipe pedagógica da escola para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem;
• Coordenar e acompanhar os horários de Atividade Complementar (AC),promovendo oportunidades de discussão e proposição de inovações pedagógicas, assim como a produção de materiais didático-pedagógicos na escola, na perspectiva de uma efetiva formação continuada;
• Avaliar as práticas planejadas, discutindo com os envolvidos e sugerindo inovações;
• Acompanhar o desempenho acadêmico dos alunos, através de registros por bimestre, orientando os docentes para a criação de propostas diferenciadas e direcionadas aos que tiveram desempenho insuficiente;

• Estabelecer metas a serem atingidas em função das demandas explicitadas no trabalho dos professores;
• Promover um clima escolar favorável à aprendizagem e ao ensino, a partir do entrosamento entre os membros da comunidade escolar e da qualidade das relações interpessoais.
FONTE: “Coordenador pedagógico”-Traçando caminho para sua prática educativa.
Um coordenador pedagógico comprometido conhece sua equipe de trabalho, sabe quem é cooperativo, resistente, curioso,estudioso ou não, ou seja , conhece os pontos marcantes em cada membro do corpo docente, e leva em conta este perfil individual ,estabelecendo metas e objetivos.

È importante a avaliação do conteúdo programático, feito geralmente no final do ano, em conjunto com os professores, avaliando o que deu certo e deve permanecer, o que deve ser mudado, ampliado ou retirado, flexibilizando os conteúdos, levando em conta o rendimento dos educandos e dos docentes, para isso é necessário a escuta atenta dos docentes e a porta do diálogo deve ser uma constante.

Outro ponto de igual importância é a troca entre os docentes, cabe ao coordenador articular momentos de troca, por meio de oficinas.

Questões de formação pedagógica da equipe, da gestão de projetos, avaliação do PPP, questões educativas e de ensino, também precisam estar presentes nas reuniões pedagógicas.

As reuniões pedagógicas devem ser espaços de reflexão em grupo,de planejamento e de dinamismo, o coordenador possui um papel muito importante , portanto deve sempre assumir uma atitude positiva .

Alguns instrumentos podem tornar este momento mais leve como por exemplo,uma boa música, uma dinâmica onde haja o toque, o abraço, onde as individualidades sejam afloradas pela coletividade, um bom texto teórico, um espaço aberto para as informalidades, os informes administrativos e depois enfim, o trabalho pedagógico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
o coordenador Pedagógico é um profissional de extrema importância na escola, é ele o responsável pelo trabalho em equipe junto aos professores,com os pais e alunos, comunidade e a escola, responsável também pela formação continuada dos professores e na manutenção da parceria entre pais , professores e alunos. Portanto, o coordenador precisa saber lidar com diversas situações e sabendo lidar com inúmeras pessoas.
O trabalho de coordenação pedagógica deve estar pautado na ética e buscar a construção da gestão democrática.
No próximo post deixarei algumas dicas de dinâmicas para se trabalhar nas reuniões pedagógicas.

Até breve!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.smec.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-cenap/publicacoes/coordenador%20pedagogico%20-%20tra%C3%A7ando%20caminhos%20para%20sua%20pratica.pdf
ABREU,Luci C. de, BRUNO,Eliane B.G.O coordenador pedagógico e a questão do fracasso escolar.In.: ALMEIDA,Laurinda R.,PLACCO,Vera Mª N. de S.OCoordenador Pedagógico e questões da contemporaneidade.São Paulo:Edições Loyola,2006.

ALMEIDA,Laurinda R.O relacionamento interpessoal na coordenação pedagógica.In.:ALMEIDA,Laurinda R.,PLACCO,Vera Mª N. de S.Ocoordenador pedagógico e o espaço de mudança.São Paulo:Edições Loyola,2003.

CLEMENTI,Nilba.A voz dos outros e a nossa voz.In.:ALMEIDA,Laurinda R.,PLACCO,Vera Mª N. de S.O coordenador pedagógico e o espaço de mudança.São Paulo:Edições Loyola,2003.

REIS,Fátima.Disponível em:www.webartigos.com.Acesso em:20/08/2008

Regimento Escolar, Artigo nº.129/2006-Resolução CEE/TO

SILVA,Moacyr da.O coordenador pedagógico e a questão da participação nos órgãos colegiados.In.:ALMEIDA,Laurinda R.,PLACCO,Vera Mª N. de S.O Coordenador Pedagógico e questões da contemporaneidade.São Paulo:Edições Loyola,2006

http://www.artigonal.com/educacao-artigos/o-papel-e-atribuicoes-do-coordenador-pedagogico-dentro-da-escola-805683.html

17 de dezembro de 2011

Vamos refletir sobre direito à imagem

Por Ivaneide Bezerra da Silva
Vamos falar hoje sobre uma questão que tenho observado na atualidade e que tem permeado o meio virtual, eu estou falando sobre a divulgação de imagens de crianças. Não estou falando de Pedofilia, o que também é preocupante, mas, estou tratando nesta postagem sobre imagens que muitas vezes nos chamam atenção por serem lindas , atraentes esteticamente, ou ainda , como aconteceu estes dias , estava eu na página do Facebook e me aparece atualizações de uma outra página, e como me chamou atenção , eu clikei e me deparei com uma montagem feita no paint . A montagem abordava a questão da erotização precoce das crianças e que segundo os dizeres eram contrastantes com a situação das crianças dos E U A. Não posso colocar a imagem aqui, pois eu estaria contribuindo na divulgação, entretanto, mesmo que com boa intenção, a imagem acabou por colocar em uma situação bastante constrangedora as crianças.

A página do face do qual me refiro,é direcionada ao humor, porém eu não vejo graça naquela trágica comparação,a postagem é uma violência aos direitos da criança, como cidadão , pois de acordo com a Constituição Federal do Brasil de 1988:

Art. 5º, X. "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;"





De acordo com o Código Civil Brasileiro:

Art. 20. "Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais."







Para finalizar ,é uma ofensa a dignidade da criança e fere seus direitos básicos, pois de acordo com Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 15. "A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis."

Art. 17. "O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais."

Art. 18. "É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor."

Vamos refletir antes de postar estas imagens , e principalmente antes de curtir , e se comentarmos, deixemos a nossa consciencia de pai, mãe , educador falar mais auto, não há graça gente neste tipo de postagem. Outra postagem que eu vi também em uma página de humor, foi uma imagem de um bule e afirmando, agora sei o que é bullying...sem comentários!!

Reflita comigo: Você vê graça nisso?

Gostaria de ressaltar que somente a publicação de fotos envolvendo crianças e adolescentes sem autorização prévia dos responsáveis, já constitui crime.Não podemos esquecer que as crianças e os adolescentes possuem direitos!

Publicar fotos de adultos sem permissão, também é crime.Outra coisa que também não podemos esquecer é que os moradores de rua, os menos favorecidos são cidadãos e também Têm direitos garantidos pela lei, portanto , a imagem também precisa ser preservada.

15 de dezembro de 2011

Tema em discussão- respeito à diferença

Por Ivaneide Bezerra da Silva


Uma das questões que precisam estar sempre em discussão desde a mais tenra idade escolar , é claro que de forma apropriada á idade escolar do educando, é a questão da pluralidade cultural, diversidades de culturas, as diferenças e a relação do sujeito com elas, objetivando sempre a construção de uma sociedade livre, justa e solidária,além de garantir o convívio pacífico entre as diversas culturas, raças , religiões, classes sociais...sem discriminações de nenhuma espécie. Para tanto , é preciso que as relações sejam trabalhadas, o indivíduo seja levado a reflexão sobre as realidades e sobre suas ações, uma forma bastante prazerosa de se trabalhar estas questões é por meio de TCs educacionais, cinema, literatura, música,obras de arte...de maneira interdisciplinar , sem esquecer que os PCNs de temas transversais abordam a questão da transversalidade, ou seja , os temas transversais são temas que transitam entre as disciplinas e portanto não podem ser trabalhados de forma isolada.
Vai ai uma dica de Filme para ser trabalhado no Ensino fundamental I destaquei para falar sobre ele de forma mais detalhada,”Kiriku e a feiticeira”

Título original: (Kirikou et la Sorcière)
Lançamento: 1998 (França)
Direção: Michel Ocelot
Atores: Fezele Mpeka, Theo Sebeko, Antoinette Kellermann, Mabuto "Kid" Sithole.
Duração: 71 min
Gênero: Animação

direção: Michel Ocelot

O filme conta a lenda de um menino, que vai vivenciar diversas situações para livrar a sua sociedade de uma feiticeira. Mesmo com este ideal tão nobre, ele sofre preconceitos e discriminações por parte desta mesma sociedade que ele estava buscando ajudar.A história se passa em Senegal, na África.

Kiriku nasceu prematuramente, muito inteligente, pois falava dentro da barriga de sua mãe. E após nascer, além de já falar, ele andava, era corajoso, ágil, engenhoso e muito inteligente, porém era pequeno em estatura, por ter na verdade acabado de nascer, ele era precoce. Encontrava soluções em coisas simples, e livrará as crianças todas as vezes que a
feiticeira Karabá tentou levá-las.
Kiriku, era um menino diferente, com qualidades especiais e por isso era discriminado pelos outros.

A mãe de Kiriku, é outra questão que serve para reflexão, é uma mulher sofrida que perdeu o marido, seus outros filhos e seus irmãos na guerra de seu povo contra a feiticeira Karabá. Ela representa a realidade de muitas mulheres da atualidade ,é uma mãe que tem que educar seu filho sozinha, e ajudá-lo a entender o mundo e a vida. A mãe de Kiruku, também sofre com a discriminação, é ela segundo as outras mulheres da aldeia que é a culpada pelo filho “esquisito”, ela não cuida direito.
Eu recomendo este filme para o trabalho com adiversidade, as diferenças de gênero, raças, físicas,...



Para o trabalho com EJA, fica a dica:
Vídeos
Visões de liberdade
Cidadania em preto e branco-CEERT
A rota dos Orixás
Kiara-corpo de rainha

Filmes
Adivinhe quem vem pra jantar
Sarafina –o som da liberdade
AMISTAT
A negação do Brasil

12 de dezembro de 2011

Literatura


Literatura
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
1A palavra Literatura vem do latim "litterae" que significa "letras", e possivelmente uma tradução do grego "grammatikee". Em latim, literatura significa uma instrução ou um conjunto de saberes ou habilidades de escrever e ler bem, e se relaciona com as artes da gramática, da retórica e da poética. Por extensão, se refere especificamente à arte ou ofício de escrever de forma artística. O termo Literatura também é usado como referência a um corpo ou um conjunto escolhido de textos como, por exemplo, a literatura médica, a literatura inglesa, literatura portuguesa, etc.


Literatura talvez seja encontrar um caminho para decidir o que torna um texto, em sentido lato, literário. A definição de literatura está comumente associada à idéia de estética, ou melhor, da ocorrência de algum procedimento estético. Um texto é literário, portanto, quando consegue produzir um efeito estético e quando proporciona uma sensação de prazer e emoção no receptor. A própria natureza do caráter estético, contudo, reconduz à dificuldade de elaborar alguma definição verdadeiramente estável para o texto literário. Para simplificar, pode-se exemplificar através de uma comparação por oposição. Vamos opor o texto científico ao texto artístico: o texto científico emprega as palavras sem preocupação com a beleza, o efeito emocional. No texto artístico,ao contrário, essa será a preocupação maior do artista. É óbvio que também o escritor busca instruir, e perpassar ao leitor uma determinada idéia; mas, diferentemente do texto científico, o texto literário une essa instrução à necessidade estética que toda obra de arte exige. O texto científico emprega as palavras no seu sentido dicionarizado, denotativamente, enquanto o texto artístico busca empregar as palavras com liberdade, preferindo o seu sentido conotativo, figurado. O texto literário é, portanto, aquele que pretende emocionar e que, para isso, emprega a língua com liberdade e beleza, utilizando-se, muitas vezes, do sentido metafórico das palavras.

A compreensão do fenômeno literário tende a ser marcada por alguns sentidos, alguns marcados de forma mais enfática na história da cultura ocidental, outros diluídos entre os diversos usos que o termo assume nos circuitos de cada sistema literário particular.

Assim encontramos uma concepção "clássica", surgida durante o Iluminismo (que podemos chamar de "definição moderna clássica", que organiza e estabelece as bases de periodização usadas na estruturação do cânone ocidental); uma definição "romântica" (na qual a presença de uma intenção estética do próprio autor torna-se decisiva para essa caracterização); e, finalmente, uma "concepção crítica" (na qual as definições estáveis tornam-se passíveis de confronto, e a partir da qual se buscam modelos teóricos capazes de localizar o fenômeno literário e, apenas nesse movimento, "defini-lo"). Deixar a cargo do leitor individual a definição implica uma boa dose de subjetivismo, (postura identificada com a matriz romântica do conceito de "Literatura"); a menos que se queira ir às raias do solipsismo, encontrar-se-á alguma necessidade para um diálogo quanto a esta questão. Isto pode, entretanto, levar ao extremo oposto, de considerar como literatura apenas aquilo que é entendido como tal por toda a sociedade ou por parte dela, tida como autorizada à definição. Esta posição não só sufocaria a renovação na arte literária, como também limitaria excessivamente o corpus já reconhecido.

De qualquer forma, destas três fontes (a "clássica", a "romântica" e a "crítica") surgem conceitos de literatura, cuja pluralidade não impede de prosseguir a classificações de gênero e exposição de autores e obras.

Poesia
Provavelmente a mais antiga das formas literárias, a poesia consiste no arranjo harmônico das palavras. Geralmente, um poema organiza-se em versos, caracterizados pela escolha precisa das palavras em função de seus valores semânticos (denotativos e, especialmente, conotativos) e sonoros. É possível a ocorrência da rima, bem como a construção em formas determinadas como o soneto e o haikai. Segundo características formais e temáticas, classificam-se diversos gêneros poéticos adotados pelos poetas:


Peças de Teatro
O teatro, forma literária clássica, composta basicamente de falas de um ou mais personagens, individuais (atores e atrizes) ou coletivos (coros), destina-se primariamente a ser encenada e não apenas lida. Até um passado relativamente recente, não se escrevia a não ser em verso. Na tradição ocidental, as origens do teatro datam dos gregos, que desenvolveram os primeiros gêneros: a tragédia e a comédia.

Mudanças vieram: novos gêneros, como a ópera, que combinou esta forma com (pelo menos) a música; inovações textuais, como as peças em prosa; e novas finalidades, como os roteiros para o cinema.

A imensa maioria das peças de teatro está baseada na dramatização, ou seja, na representação de narrativas de ficção por atores encarnando personagens.

Elas podem ser:

Tragédia
Drama
Comédia
Ópera

Ficção em Prosa
A literatura de ficção em prosa, cuja definição mais crua é o texto "corrido", sem versificação, bem como suas formas, são de aparição relativamente recente. Pode-se considerar que o romance, por exemplo, surge no início do século XVII com Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes Saavedra.

Subdivisões, aqui, dão-se em geral pelo tamanho e, de certa forma, pela complexidade do texto. Entre o conto, "curto", e o romance, "longo", situa-se por vezes a novela.


Gêneros LiteráriosA linguagem é o veículo utilizado para se escrever uma obra literária. Escrever obras literárias é trabalhar com a linguagem. Os Gêneros Literários são as várias formas de trabalhar a linguagem, de registrar a história, e fazer com que a essa linguagem seja um instrumento de conexão entre os diversos contextos literários que estão dispersos ao redor do mundo.

11 de dezembro de 2011

Educação de valores na contemporaneidade

Por Ivaneide Bezerra da Silva
No Post anterior, eu trouxe alguns conhecimentos acerca de um filósofo, importante e reconhecido mundialmente e as propostas que ele traz no seu livro “Sete saberes necessários à educação do futuro”, estou me referindo a Edgar Morin, hoje eu quero convidar todos a assistir comigo à três vídeos que se intitulam “O buraco branco no tempo” , vídeo que foi elaborado a partir do livro “O buraco branco no tempo - Nossa evolução futura e o significado do agora”, lançado pela Editora Aquariana, São Paulo, no ano de 1992, do escritor Peter Russel. Tanto o vídeo quanto o livro, abordam as problemáticas da origem e evolução dos tempos, tratando também sobre questões das novas tecnologias e da modernização. O vídeo inicia comentando sobre a origem e evolução dos tempos. Trata na seqüência, sobre os seres humanos na atualidade, levando nos a refletir sobre a existência do homem, como ela é recente em comparação com a existência da vida, e até do próprio cosmos.

As questões tratadas no vídeo são de extrema importância e atuais , o autor fala sobre a importância da linguagem (diálogo), das características que nos diferenciam dos outros animais, como por exemplo, a capacidade de intervir no mundo e de como estas intervenções podem acarretar conseqüências a primeira é o crescimento populacional; os seres humanos hoje ocupam todo o globo. E a segunda é a poluição; quanto mais humanos existem, mais recursos naturais nós consumimos, e mais ainda poluímos o ambiente em que vivemos.

Criamos novas tecnologias para melhorar as nossas vidas, mas são justamente essas tecnologias que necessitam da exploração do ambiente, o que em última instância, é um risco enorme para a nossa sobrevivência – o que segundo Russel, é uma terrível contradição. Quanto mais a sociedade avança em busca do bem-estar, maiores são os riscos que corremos, e maior é o impacto no mundo ao nosso redor. E o que existiria de mais impressionante em tudo isso, seria que mesmo percebendo isso, não pensamos em parar.

Peter Russel , tem como objetivo maior, refletir sobre ,segundo ele, a “crise” que existe em nossa “consciência” e questionar os paradigmas de nossa sociedade atual, o consumismo, a necessidade de armamentos, a causa das guerras, e até mesmo questiona a visão religiosa que separa as pessoas.

Finalizando, Russell comenta sobre uma revolução na consciência,ou melhor, simboliza um fator preponderante na existência da humanidade, que é o amor ao próximo, é o ser interior, na busca permanente pela paz. Seria uma espécie de educação de valores, educação cidadã,ou ainda um educação para a paz, o certo mesmo é levar as pessoas a refletirem sobre o outro, sobre a ética, o respeito mútuo a dignidade da pessoa humana,... Questões estas que deveriam ser trabalhadas por meio de projetos que contemplassem os temas transversais que citam os PCNs , Parâmetros curriculares nacionais dos temas transversais.


Mais afinal, o que são os PCNs? Os Parâmetros curriculares Nacionais, não são leis e nem regras que devem ser seguidas, mas, indicam possibilidades e indicam os objetivos de aprendizagem que todos os alunos de acordo com as séries, devem alcançar , para estabelecer sua cidadania,é uma forma de unir a educação.

Os PCNs são flexíveis e adaptáveis as condições culturais e regionais, específicas de cada lugar. A escolha dos temas transversais , foram baseadas na perspectiva que busca a construção da cidadania, objetivando que o sujeito compreenda a realidade social, direitos e responsabilidades (deveres) da sua vida pessoal, coletiva e ambiental. Temas transversais não são novas áreas de conhecimento ou disciplinas, devendo portanto,se articular com os conteúdos e objetivos já existentes.

Qual desafio para as escolas? O desafio é abrir-se para o debate destes temas , que traduzem preocupações atuais e presentes na sociedade brasileira, temas transversais, são questões importantes e urgentes. São temas transversais: ética, pluralidade cultural, meio ambiente,saúde e orientação sexual.

A Constituição de 1988, explicita os fundamentos do Estado brasileiro e elenca pela primeira vez os direitos civis, políticos e sociais dos cidadãos . Esclarece que, os três poderes , legislativo, executivo e judiciário são meios e não fins que existem para garantir os direitos sociais e individuais que são,os fundamentos do Estado Democrático de Direito, a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político e que possuem os seguintes objetivos fundamentais da República, construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, propõem uma educação comprometida com a cidadania, para tanto se baseias e elegem como norte os textos constitucionais que orientam a educação escolar, vejamos:

Dignidade da pessoa humana Implica respeito aos direitos humanos, repúdio à discriminação de qualquer tipo, acesso a condições de vida digna, respeito mútuo nas relações interpessoais, públicas e privadas.

Igualdade de direitos Refere-se à necessidade de garantir a todos a mesma dignidade e possibilidade de exercício de cidadania. Para tanto há que se considerar o princípio da eqüidade, isto é, que existem diferenças (étnicas,culturais, regionais, de gênero, etárias, religiosas, etc.) e desigualdades (socioeconômicas) que necessitam ser levadas em conta para que a igualdade seja efetivamente alcançada.

Participação Como princípio democrático, traz a noção de cidadania ativa, isto é, da complementaridade entre a representação política tradicional e a participação popular no espaço público, compreendendo que não se trata de uma sociedade homogênea e sim marcada por diferenças de classe, étnicas, religiosas, etc.

Co-responsabilidade pela vida social Implica partilhar com os poderes públicos e diferentes grupos sociais, organizados ou não, a responsabilidade pelos destinos da vida coletiva.É, nesse sentido, responsabilidade de todos a construção e a ampliação da democracia no Brasil.

Diante do exposto, podemos dizer que as questões abordadas por Peter Russel, são atuais, entretanto já existem propostas para que sejam trabalhadas as questões de valores na educação, cabendo apenas ao sistema escolar como um todo trabalhar de forma significativa, não autoritária e imposta por simples regras, mais levar os sujeitos a refletirem , levantarem hipóteses e formularem soluções.

Uma questão levantada por Russel no vídeo é a importância da linguagem, e levando em conta que a comunicação está deficitária, deve-se sim tratar das questões de relacionamentos estimulando o diálogo o repensar posições e adotar novas condutas.
Ivaneide B.S Pedagoga

Assistam agora os vídeos.





BIBLIOGRAFIA

_______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 146p. Disponível em: Acesso em: 15 out. 2011.

______.RUSSEL,Peter“O buraco branco no tempo - Nossa evolução futura e o significado do agora”, Editora Aquariana, São Paulo, 1992. Peter Russel.

VÌDEOS

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=uUiSYP5L6Mo]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=2RJxOzxg3dY&feature=related]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=HqpPzZLtJN0&feature=related]

10 de dezembro de 2011

Educação é preciso mudar

Por Ivaneide Bezerra da Silva 

É freqüente ouvir os especialistas da área de educação, seja em âmbitos públicos por meio das mídias comunicativas, ou mesmo nos cursos de especialização ou da área da pedagogia, falarem da necessidade de se olhar para a educação com um olhar analítico e em que se busque mudanças. O educador Paulo freire já falava destas mudanças tão necessárias , uma das frases dele é “ Mudar é difícil, mais é possível...” .

Mudar é difícil, pois exige uma postura de busca, de pesquisa de análise e com certeza é mais cômodo continuar na mesmice. Entretanto , a mudança deve acontecer e as concepções de ensino aprendizagem devem sempre estarem sendo refletidas, repensadas . Em 1999 a UNESCO solicitou ao filósofo Edgar Morin , que realizasse relatórios e sistematizasse as diversas reflexões que servissem para um repensar a educação do século XXI, surge então o livro “Os sete saberes necessários à educação do futuro”.

Quais são os sete saberes necessários à educação do futuro,segundo Edgar Morin?

Antes de qualquer coisa, faz-se necessário conhecer quem é Edgar Morin e qual importância para a educação.

Edgar Morin, é considerado um dentre os maiores teóricos , pensadores do século XX,segundo o que pesquisei, Morin, recebeu 17 títulos de doutor honoris causa em diversas universidades distribuídas por vários países dentre eles está o Brasil. Edgar Morin, estuda os problemas do humano e do contemporâneo e para tal ele transita por distintas áreas do conhecimento , dentre tantas estão as ciências biológicas, ciências físicas e humanas .Formado em sociologia, antropologia, história, geografia e filosofia, entretanto, assume uma postura livre e nos propõe uma visão transdisciplinar do pensamento. Vale ressaltar que ele já escreveu mais de 40 livros.

Conheça um pouco mais sobre ele :


O filósofo no livro, aborda a questão de se reorganizar por total a educação, não ao ato de ensinar , mais ao defeitos do sistema educacional e se refere à fragmentação dos conhecimentos, e aborda a questão da necessidade de que os conhecimentos sejam e estejam integrados de forma interdisciplinar. Os saberes que Morin, propõe antecedem qualquer guia ou conjunto de conteúdos de ensino, visando uma formação integral e um conhecimento globalmente construído , em que se objetive um desenvolvimento sustentável do ser humano. Segundo Morin, há sete saberes que são fundamentais e necessários que implicam em ensinar a:

• Reconhecer as cegueiras do conhecimento, seus erros e ilusões.
• Assumir os princípios de um conhecimento pertinente
• Condição humana
• Identidade planetária
• Enfrentar as incertezas
• Compreender
• Ética do gênero humano


Questões comentadas por Edgar Morin :

Entende‑se reconhecer as cegueiras do conhecimento, seus erros e ilusões, é assumir o ato de conhecer como um traduzir e não como uma foto correta da realidade. Trata‑se de armar nossas ates para o combate vital pela lucidez e isso o significa estar sempre buscando modos de conhecer o próprio ato de conhecer:

Por assumir os princípios de conhecimento pertinente, entende‑se a necessidade de ensinar os métodos que permitam apreender as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo se mundo complexo. Trata‑se de envolver uma atitude mental capaz abordar problemas globais que contextualizem suas informações parciais e locais.

Ensinar a condição humana deveria ser o objeto essencial de qualquer sistema de ensino e isso passa considerar conhecimentos que estão dispersos em várias disciplinas como as ciências naturais, as ciências humanas, a literatura e a filosofia. As gerações precisam conhecer a unidade e a diversidade do humano.

Ensinar a identidade planetária tem a ver com mostrar a complexidade da crise planetária que caracteriza o século XX. Trata‑se de ensinar a história da era planetária, mostrando como todas as partes do mundo necessitam ser intersolidárias, a vez que enfrentam os mesmos problemas de vida e de morte.

É preciso aprender a tentar as incertezas reveladas ao longo do século XX através da microfísica, da termodinâmica, da cosmologia, das ciências biológicas evolutivas, das neurociências e das ciências históricas. É preciso aprender a navegar no oceano das incertezas através dos arquipélagos das certezas.

Compreender é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana, portanto não pode ser algo desconsiderado pela educação. E, para tanto, precisamos passar por uma reforma das mentalidades.

Por ética do gênero humano, entendo uma abordagem que considere tanto o indivíduo, quanto a sociedade e a espécie. E isso não se ensina dando lições de moral. Isso passa pela consciência que o humano vai adquirindo de si mesmo como indivíduo, como parte da sociedade e como parte da espécie humana. Isso implica conceber a humanidade como uma comunidade planetária composta de indivíduos que vivem em democracias.


FONTE: Revista Linha Direta. Publicação Mensal dos Sinepes e da AEBJ, Ano 5, nº 57, 2002

Para entender melhor, assista este vídeo da UNIVESP, que é bastante interessante e esclarecedor. O vídeo vai tratar da questão de como os saberes estão fragmentados e o que Edgar morin, propõe.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

http://www.youtube.com/watch?v=yXWDyGfljMg

http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/materias_296365.shtml

http://www.youtube.com/watch?v=hqUHy7Cj01g&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=Ta8M5ii06zs&feature=related

http://ufpa.br/ensinofts/artigo3/setesaberes.pdf

http://www.youtube.com/watch?v=klZ3ZuiCx4A&feature=view_all&list=PL129944938FFB0E35&index=46

http://edgarmorin.org.br/textos.php?tx=57

http://www.ufrn.br/ufrn2/proex/files/documentos/setesaberesmorin.pdf.pdf

http://www.smec.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-leituras/WEBARTIGOS/desafios%20para%20a%20era%20do%20conhecimento.pdf

http://www.webartigos.com/artigos/a-etica-do-genero-humano-como-saber-necessario-a-educacao-do-futuro/23481/

http://www.edgarmorin.com/

http://www.conteudoescola.com.br/resenhas/89-resenha-os-sete-saberes-necessarios-a-educacao-do-futuro-edgar-morin

http://www.ufrn.br/ufrn2/proex/files/documentos/setesaberesmorin.pdf.pdf







21 de outubro de 2011

Emília Ferreiro sobre alfabetização

Entrevista




Ano 8 - nº 67 - 15 de outubro de 2008



Emilia Ferreiro com todas as letras







Emilia Ferreiro, psicóloga e pesquisadora argentina, radicada no México, fez seu doutorado na Universidade de Genebra, sob a orientação de Jean Piaget e, ao contrário de outros grandes pensadores influentes como Piaget, Vygotsky, Montessori, Freire, todos já falecidos, Ferreiro está viva e continua seu trabalho. Nasceu na Argentina em 1937, reside no México, onde trabalha no Departamento de Investigações Educativas (DIE) do Centro de Investigações e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional do México.



Fez seu doutorado sob a orientação de Piaget – na Universidade de Genebra, no final dos anos 60, dentro da linha de pesquisa inaugurada por Hermine Sinclair, que Piaget chamou de psicolingüística genética. Voltou em 1971, à Universidade de Buenos Aires, onde constituiu um grupo de pesquisa sobre alfabetização do qual faziam parte Ana Teberosky, Alicia Lenzi, Suzana Fernandez, Ana Maria Kaufman e Lílian Tolchinsk.



Emilia Ferreiro procurou observar como se realiza a construção da linguagem escrita na criança. Autora de várias obras, muitas traduzidas e publicadas em português, já esteve algumas vezes no país, participando de congressos e seminários.



A entrevista abaixo foi montada a partir de textos de Emilia Ferreiro publicados no livro "Com Todas as Letras".



ReConstruir - Como a senhora vê a alfabetização na América Latina?

Emilia Ferreiro - É difícil falar de alfabetização evitando as posturas dominantes neste campo: por um lado, o discurso oficial e, por outro, o discurso meramente ideologizante, que chamarei "discurso da denúncia". O discurso official centra-se nas estatísticas; o outro despreza essas cifras tratando do desvelar "a face oculta" da alfabetização.



ReConstruir - Qual é a sua opinião sobre a aprovação automática?

Emilia Ferreiro - A promoção automática tem sérios oponentes dentro e fora das fileiras do magistério: sustentam que é uma medida que leva a "baixar a qualidade do ensino" e que faz desaparecer o que seria um dos estímulos fundamentais da aprendizagem (a promoção). A contra-argumentação é evidente: não será porque a qualidade do ensino é tão má que tantas crianças não conseguem aprender? A promoção automática, por si só, não faz senão deslocar o "funil da repetência", criando, em nível de outra série do ensino fundamental, um problema novo para resolver.



ReConstruir - Sabendo que a realidade de muitos países da América Latina é o subdesenvolvimento, como fica a qualidade da alfabetização de crianças e adultos?

Emilia Ferreiro - A alfabetização parece enfrentar-se com um dilema: ao estender o alcance dos serviços educativos, baixa-se a qualidade, e se consegue apenas um "mínimo de alfabetização". Isso é alcançar um nível "técnico rudimentar", apenas a possibilidade de decodificar textos breves e escrever palavras, porém sem atingir a língua escrita como tal. Nada garante que tais aquisições perdurem, sobretudo se levarmos em conta que a vida rural nos países da região ainda não requer um uso cotidiano da língua escrita. Mais ainda: por mais bem sucedidas que sejam as campanhas de alfabetização de adultos, não há garantias de se alcançar percentagens de alfabetização altas e duráveis enquanto a escola primária não cumprir eficazmente sua tarefa alfabetizadora. Na medida em que a escola primária continuar expulsando grupos consideráveis de crianças que não consegue alfabetizar, continuará reproduzindo o anafalbetismo dos adultos.



ReConstruir - Quem é melhor de ser alfabetizado: a criança ou o adulto?

Emilia Ferreiro - De todos os grupos populacionais, as crianças são as mais facilmente alfabetizáveis. Elas têm mais tempo disponível para dedicar à alfabetização do que qualquer outro grupo de idade e estão em processo contínuo de aprendizagem, dentro e fora do contexto escolar, enquanto os adultos já fixaram formas de ação e de conhecimento mais difíceis de modificar.



ReConstruir - Quais são os objetivos da alfabetização inicial?

Emilia Ferreiro - Frequentemente esses objetivos se definem de forma muito geral nos planos e programas, e de uma maneira muito contraditória na prática cotidiana e nos exercícios propostos para a aprendizagem. É comum registrar nos objetivos expostos nas introduções de planos, manuais e programas, que a criança deve alcançar "o prazer da leitura" e que deve ser capaz de "expressar-se por escrito". As práticas convencionais levam, todavia, a que a expressão escrita se confunda com a possibilidade de repetir fórmulas estereotipadas, a que se pratique uma escrita fora do contexto, sem nenhuma função comunicativa real e nem sequer com a função de preservar informação. Um dos resultados conhecidos de todos é que essa expressão escrita é tão pobre e precária que inclusive aqueles que chegam à universidade apresentam sérias deficiências que levaram ao escândalo da presença de "oficinas de leitura e de redação" em várias instituições de nível superior da América Latina. Outro resultado bem conhecido é a grande inibição que os jovens e adultos mal alafabetizados apresentam com respeito à língua escrita: evitam escrever, tanto por medo de cometer erros de ortografia como pela dificuldade de dizer por escrito o que são capazes de dizer oralmente.



ReConstruir - Como deve ser trabalhada a leitura no processo de alfabetização?

Emilia Ferreiro - O "prazer da leitura" leva a privilegiar um único tipo de texto: a narrativa ou a literatura de ficção, esquecendo que uma das funções principais da leitura ao longo de toda a escolaridade é a obtenção de informação a partir de textos escritos. Ainda que as crianças devam ler nas aulas de Estudos Sociais, Ciências Naturais e Matemática, essa leitura aparece dissociada da "leitura" que corresponde às auilas de língua. Um dos resultados é, uma vez mais, um déficit bem conhecido em nível dos cursos médio e superior: os estudantes não sabem resumir um texto, não são capazes de reconhecer as idéias principais e, o que é pior, não sabem seguir uma linha argumentativa de modo a identificar se as conclusões que se apresentam são coerentes com a argumentação precedente. Portanto, não são leitores críticos capazes de perguntar-se, diante de um texto, se há razões para compartilhar do ponto de vista ou da argumentação do autor.



ReConstruir - A metodologia, então, deve ser mudada?

Emilia Ferreiro - A ênfase praticamente exclusiva na cópia, durante as etapas iniciais da aprendizagem, excluindo tentativas de criar representações para séries de unidades linguísticas similares (listas) ou para mensagens sintaticamente elaboradas (textos), faz com que a escrita se apresente como um projeto alheio à própria capacidade de compreensão. Está ali para ser copiado, reproduzido, porém não compreendido, nem recriado.



ReConstruir - Você afirma que a compreensão das funções da língua escrita na sociedade depende de como a família e a escola estimulam o ambiente alfabetizado...

Emilia Ferreiro - As crianças que crescem em famílias onde há pessoas alfabetizadas e onde ler e escrever são atividades cotidianas, recebem esta informação através da participação em atos sociais onde a língua escrita cumpre funções precisas. Por exemplo, a lista de compras do mercado; uma busca na lista telefônica de algum serviço de conserto de aparelhos quebrados; o recebimento de um recado que deve ser lido por outro familiar. Essa informação que uma criança que cresce em um ambiente alfabetizado recebe cotidianamente é inacessível para aqueles que crescem em lares com níveis de alfabetização baixos ou nulos. Isso é o que a escola "dá por sabido", ocultando assim sistematicamente, àqueles que mais necessitam, para que serve a língua escrita.



ReConstruir - Mas o aprendizado não deve ser feito num ambiente de criatividade?

Emilia Ferreiro - Por mais que se repita nas declarações iniciais dos métodos, manuais ou programas, que a criança aprende em função de sua atividade, e que se tem que estimular o raciocínio e a criatividade, as práticas de introdução à língua escrita desmentem sistematicamente tais declarações. O ensino neste domínio continua apegado às práticas mais envelhecidas da escola tradicional, aquelas que supõem que só se aprende algo através da repetição, da memorização, da cópia reiterada de modelos, da mecanização.



ReConstruir - Existe saída para termos uma melhor alfabetização?

Emilia Ferreiro - Com base em uma série de experiências inovadoras de alfabetização, parece viável estabelecer de maneira diferente os objetivos da alfabetização de crianças. Em dois anos de escolaridade crianças muito marginalizadas podem conseguir uma alfabetização de melhor qualidade, entendendo por isso: compreensão do modo de representação da linguagem que corresponde ao sistema alfabético da escrita; compreensão das funções sociais da escrita; leitura compreensiva de textos que correspondem a diferentes registros de língua escrita; produção de textos respeitando os modos de organização da língua escrita que correspondem a esses diferentes registros; atitude de curiosidade e falta de medo diante da língua escrita.


Fonte : http://www.educacaomoral.org.br/reconstruir/entrevista_edicao_67.htm

Emília Ferreiro – Alfabetização e cultura escrita


Entrevista com Emília Ferreiro


Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0162/aberto/mt_245461.shtml



“Quem alfabetiza com textos variados prepara melhor para a internet”



Desde os anos 1980, não é possível tratar de alfabetização sem falar de Emilia Ferreiro. A psicolingüista argentina, discípula de Jean Piaget, revolucionou o conhecimento que se tinha sobre a aquisição da leitura e da escrita quando lançou, com Ana Teberosky, o livro Psicogênese da Língua Escrita, em que descreve os estágios pelos quais as crianças passam até compreender o ler e o escrever. Crítica ferrenha da cartilha, ela defende que os alunos, ainda analfabetos, devem ter contato com diversos tipos de texto. Passadas mais de duas décadas, o tema permanece no centro dos interesses da pesquisadora, que se indigna com quem defende o método fônico de alfabetização, baseado em exercícios para treinar a correspondência entre grafemas e fonemas. Professora do Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional, do México, Emilia está à frente do site www.chicosyescritores.org, em que estudantes escrevem em parceria com autores renomados e publicam os próprios textos. Ela esteve em São Paulo em março e concedeu a seguinte entrevista.



O que é ser alfabetizado hoje?



Considero a alfabetização não um estado, mas um processo. Ele tem início bem cedo e não termina nunca. Nós não somos igualmente alfabetizados para qualquer situação de uso da língua escrita. Temos mais facilidade para ler determinados textos e evitamos outros. O conceito também muda de acordo com as épocas, as culturas e a chegada da tecnologia.



A senhora sustenta a importância de levar o estudante a refletir sobre a escrita, já que é assim que ele aprende. Qual sua opinião sobre o método fônico (baseado no treinamento prévio da correspondência entre grafemas e fonemas)?



Eu não aceito discutir alfabetização hoje nos mesmos termos que se discutia nos anos 1920. Os defensores do método fônico não levam em conta um dado que sabemos hoje ser fundamental, que é o nível de conscientização da criança sobre a escrita. Ignorar que ela pensa e tem condições de escrever desde muito cedo é um retrocesso. Eu não admito que a proíbam de escrever. A tradição fônica sempre foi dominante nos países anglo-saxões. E lá se aprende a ler antes de escrever. Felizmente não é o que acontece nos países latinos.



O que é essa consciência fonológica?



É a possibilidade de fazer voluntariamente certas operações com a oralidade que não são espontâneas. É possível dizer uma palavra, “lado”, por exemplo, e depois omitir o primeiro segmento fônico. “Ado” não significa nada. Isso pode ser um jogo divertido. A língua tem a propriedade de ser partida em unidades de distintos tipos até chegar às letras. Aí não posso dividir mais. Essa é uma habilidade humana. A divisão em sílabas se dá praticamente em todas as culturas.



“Ignorar que a criança pensa e tem condições de escrever desde muito cedo é um retrocesso”



De que maneira se adquire a consciência fonológica?



Desde pequenos participamos naturalmente de jogos em que cada sílaba corresponde a uma palma, por exemplo. A única divisão que não surge naturalmente no desenvolvimento é em unidades menores que uma sílaba, ou seja, em fonemas. Um adulto analfabeto e uma criança analfabeta não conseguem fazer isso de maneira espontânea. Quando eu adquiro a linguagem oral, tenho uma certa capacidade de distinção fônica, senão não distinguiria pata de bata. Mas parece que isso funciona num universo completamente inconsciente.



O que vem primeiro, a aquisição do sistema alfabético ou a consciência fonológica?



À medida que a criança se aproxima da escrita alfabética, sua capacidade de análise do oral também permite análises de pedaços cada vez menores do que é falado. A discussão é a seguinte: já que as duas coisas ocorrem ao mesmo tempo, tenho de desenvolver primeiro a consciência fonológica esperando que ela se aplique à escrita? Ou posso introduzir o aluno na escrita para que haja uma contribuição à sua consciência fonológica? Acredito na segunda opção. Isso se dá em virtude do contato dele com os textos, do seu esforço para escrever e do trabalho em pequenos grupos, onde ele discute com os colegas a necessidade de utilizar determinadas letras.



Essa relação entre a consciência fonológica e a aquisição do sistema alfabético tem sido estudada por pesquisadores?



Publiquei um artigo em 1999 sobre um estudo realizado com crianças com média de idade de 5 anos e 7 meses, no México. Eram passadas tarefas que verificavam a consciência fonológica dos estudantes, isto é, se eles eram capazes de analisar palavras em pedaços menores que sílabas. Ao mesmo tempo, eles realizavam exercícios que investigavam seu nível de conceituação da escrita. As crianças eram da pré-escola e não estavam sendo alfabetizadas. Os resultados mostraram correlações altíssimas entre o nível de conscientização da escrita e os recortes em contextos orais. Duas pesquisadoras americanas acabaram de publicar um estudo com crianças inglesas em que as mesmas conclusões são apresentadas.



Com a internet, o perfil do leitor mudou. No contato com a rede, há alguma diferença no desempenho dos estudantes alfabetizados nessas duas metodologias?



Sempre defendi o acesso imediato da criança a jornais, revistas, livros de literatura, dicionários, enciclopédias. A tendência de quem não compartilha da minha opinião é ter livros com níveis de dificuldades seriados. Com o advento da internet nasceu também o espaço mais intertextual e mais variado que existe, mais até que uma biblioteca. Ou seja, quem está alfabetizando com textos variados prepara sua turma muitíssimo mais para a internet do que quem faz um trabalho mostrando primeiro uma letrinha e depois a outra. Para utilizar o computador e a internet é preciso enfrentar todo o alfabeto ao mesmo tempo. No teclado, as letras aparecem juntas — e, como se não bastasse, fora de ordem.



“Letramento no lugar de alfabetização, tudo bem. A coexistência dos dois termos é que não funciona”



Além da alfabetização, hoje se fala muito em letramento. De onde vem o termo?



A palavra letramento é tradução de literacy. Em sua origem, ela significa alfabetização e muito mais. Se entrarmos em qualquer site de busca e digitarmos “literacy” aparecem muitos endereços. Encontra-se uma série de combinações com esse termo, como computer literacy, mostrando que o significado atual dessa palavra em inglês é expertise, é ter conhecimento. Mas é muito importante compreender que a expressão computer literacy não designa a habilidade de usar a língua escrita por meio de um computador. Seu significado é a habilidade para usar os comandos da máquina, para entrar num processador de texto e nos programas elementares.



Letramento é a melhor tradução para literacy?



Não. É cultura escrita. E isso não tem início depois da aprendizagem do código. Se dá, por exemplo, no momento em que um adulto lê em voz alta para uma criança — e nas famílias de classe média isso ocorre muito antes do início da escolaridade. Ou seja, o processo de alfabetização é desencadeado com o acesso à cultura escrita.



O letramento representa um conceito novo ou é apenas um modismo?



Há algum tempo, descobriram no Brasil que se podia usar a expressão letramento. E o que aconteceu com a alfabetização? Virou sinônimo de decodificação. Letramento passou a ser o estar em contato com distintos tipos de texto, o compreender o que se lê. Isso é um retrocesso. Eu me nego a aceitar um período de decodificação prévio àquele em que se passa a perceber a função social do texto. Acreditar nisso é dar razão à velha consciência fonológica.



É indispensável usar o termo letramento, então?



Eu não uso a palavra letramento. Se houvesse uma votação e ficasse decidido que preferimos usar letramento em vez de alfabetização, tudo bem. A coexistência dos termos é que não dá.


http://www6.ufrgs.br/psicoeduc/piaget/emilia-ferreiro-alfabetizacao-e-cultura-escrita/




O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA SEGUNDO


EMILIA FERREIRO.
http://www.revista.inf.br/pedagogia/pages/artigos/edic11-anovi-art02.pdf
PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA: AS CONTRIBUIÇÕES DE EMILIA


FERREIRO À ALFABETIZAÇÃO DE PESSOAS JOVENS E ADULTAS
http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt18/t181.pdf
 
Emilia Ferreiro, a estudiosa que revolucionou a alfabetização
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/estudiosa-revolucionou-alfabetizacao-423543.shtml?page=all

Magda Soares sobre alfabetização e letramento

Magda Soares




Realizada em: 21/9/2009





Atuação: Professora titular da Universidade Federal de Minas Gerais





Obras: Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998; Português: uma proposta para o letramento. São Paulo: Moderna, 2002; Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Educação e Sociedade, Campinas, v. 23, n. 81, p.143-160, 2002; Alfabetização. Brasília: MEC/Inep/Comped, 2001.



Anos iniciais do Ensino Fundamental



Observação: Esta entrevista foi realizada em Lagoa Santa (MG), onde era realizada a exposição do Projeto Paralfaletrar, que tem a consultoria da Professora Magda Soares e da equipe do CEALE-UFMG.



Salto – Hoje nós temos o Ensino Fundamental ampliado: a criança com seis anos já entra no primeiro ano desta etapa da escolaridade. Como podemos pensar situações de aprendizagem que coloquem essa criança em processo de alfabetização e letramento?

Magda Soares – Essa criança, na verdade, já deve ter sido colocada na situação de alfabetização e letramento na educação infantil, uma vez que não se pode pensar que a criança está inaugurando seu processo de letramento e de escrita aos seis anos. Antes até de chegar na educação infantil, ela está convivendo com leitura, material escrito, mesmo nas camadas populares, pois nós vivemos numa sociedade grafocêntrica, cercada de livros e escrita por todos os lados. Então, é uma continuidade. A primeira coisa é que, aos seis anos, não é um momento de inauguração, é um momento de continuidade. É preciso ver em que nível a criança está de apropriação, tanto do sistema de escrita, quanto do processo de letramento para, a partir disso, criar situações em que esse processo tenha continuidade.



Salto – Como podemos conceituar letramento?

Magda Soares – Aqui, nesta exposição, nós estamos rodeados de atividades de letramento. São crianças que estão em fase de alfabetização, temos aqui trabalhos de crianças desde a creche até o segundo, terceiro ano, no novo modelo, considerando este o terceiro ano das crianças que entraram aos seis anos. São crianças em processo de alfabetização, de apropriação do sistema alfabético e ortográfico de escrita, mas elas estão se apropriando disso no contexto de letramento, lendo livros de literatura infantil, e a partir daí a professora trabalha alfabetização. Elas estão escrevendo em situações reais criadas pela professora, não é uma situação falsa. A literatura dá um apoio muito forte a esse letramento. Por que, o que é o letramento? São as práticas de leitura e de escrita. Uma coisa é aprender sistema de escrita, para poder ler e escrever. Mas isso não resolve o problema da entrada no mundo da escrita. É preciso saber fazer uso disso, saber escrever uma carta, saber escrever uma história, saber escrever uma fábula, um convite, etc. Mas fazer isso numa situação contextualizada, saber para quem eu estou escrevendo, porque estou escrevendo, tendo motivação para escrever. O papel da professora, da escola, é criar essas situações que permitam esse desenvolvimento da alfabetização e do letramento articulados e, ao mesmo tempo, indissociáveis. Eu acho que essa é a síntese que nós conseguimos fazer agora. Nós tivemos um período em que ensinávamos o "beabá", para depois a criança praticar isso. Depois passamos por um período, que foi a época do construtivismo, em que esse "beabá" foi desprezado, de certa forma, foi marginalizado como um subproduto do letramento, ou seja, do convívio da criança com o material escrito. Acho que agora nós chegamos ao momento da síntese, que não é isto ou aquilo, são as duas coisas ao mesmo tempo, articuladas, embora cada uma com a sua especificidade quanto à metodologia de trabalho.



Salto – No primeiro ano do Ensino Fundamental, de que oportunidades de aprendizagem o professor pode lançar mão para poder trabalhar com essas questões já aos seis anos?

Magda Soares – Eu não diria que "já aos seis anos", porque este processo já começou antes. Mas, aos seis anos, o professor vai, talvez, colocar um foco maior na aprendizagem do sistema de escrita, mas sempre no contexto do letramento, criando situações de leitura de histórias para crianças. Se eu der um livro de histórias para a criança, sabendo ler este livro, dando todo contexto de letramento em que ele foi escrito, as próprias características do livro – quem escreveu, quem ilustrou esse livro – tudo isso interessa muito à criança, que está na fase da fantasia. Lemos a história para a criança e, depois, trabalhamos algumas frases, algumas palavras. Ao invés de você buscar "A Eva viu a uva", vamos buscar uma frase que está no livro, contextualizada para a criança, aquela palavra central. Vamos pegar o LOBO da história da Chapeuzinho Vermelho, e trabalhar o LOBO: escrever LOBO no quadro, trabalhar fonologicamente a palavra lobo, e dividir as sílabas – "o LO, se eu trocar o O por A vai ser o quê?" "Vai ser LA". É uma atividade lúdica, em que as crianças se divertem muito. Nós temos provas disso aqui neste município (Lagoa Santa), como as crianças gostam dessa articulação: de pegar o LOBO da história e transformá-lo em uma palavra a ser analisada.



Salto – Nós tivemos a oportunidade de gravar aqui, em Lagoa Santa, uma atividade em que a professora começava a contar a história, que era uma fábula de Monteiro Lobato, apresentando a capa do livro, a contracapa, abordando quem seria o autor, falando da editora. Qual a importância da apresentação destes elementos do livro para as crianças?

Magda Soares – Uma das facetas importantes do processo de letramento, sobretudo no plano atual, é conseguirmos contaminar as crianças com o prazer de ler o livro, com o gosto da leitura, com a paixão da leitura, que a gente tem perdido muito. E há razões para isso, que não interessa dizer aqui. Nós temos trabalhado muito o livro como um objeto cultural, e não só o livro como portador de texto, mas o livro como objeto cultural. A gente faz as crianças cheirarem o livro, pegarem o livro, ver que o livro é um objeto que tem suas partes, como nós temos o rosto, as costas, as pernas, os braços. O livro tem a lombada, a capa, a quarta capa, e as crianças gostam muito disso. A ponto de vermos, frequentemente, crianças chegarem à biblioteca da escola e pedirem assim: "Essa semana eu quero levar para casa um livro, mas eu quero um livro que tenha lombada". E eu perguntei a uma criança: "Por que você quer um livro que tenha lombada?"; "Porque ele fica em pé." Esses livros infantis são muito fininhos, tanto que, na nossa biblioteca, eles ficam expostos; mas o livro mais grosso, de capa dura, ele fica em pé. E a criança queria um livro que tivesse lombada, e vemos como é importante isso: a criança tem uma relação com o livro, que é uma relação com o objeto cultural.







É feito um passeio pela exposição, que apresenta vários trabalhos de leitura e escrita (veja imagens dos trabalhos).





Salto – Fale sobre a riqueza que esse trabalho nos apresenta, e da especificidade lúdica que um trabalho como esse de alfabetização e letramento vai exigir, vai requerer.

Magda Soares – Eu acho que o que fica mais forte nesta exposição é observar um aspecto importante: costuma-se criticar e temer que, nessa entrada da criança aos seis anos no ensino fundamental, ela seria impedida de brincar, etc. Isso é uma falta de visão de como a alfabetização e o letramento podem ser atividades lúdicas, que envolvem muito a criança, tanto no aprender o sistema de escrita quanto, sobretudo, na aprendizagem da leitura. Como estamos vendo aqui, por exemplo: a criança trabalhando com trava-línguas. São crianças de seis anos, estão no 1º ano. Trava-línguas, o que é? É uma brincadeira, uma brincadeira com a escrita: "Papagaio come milho, Periquito leva a fama. Cantaram uns, choraram outros. Triste sina de quem ama". Isso está desenvolvendo a consciência fonológica, que é fundamental para a alfabetização e, ao mesmo tempo, a criança está escrevendo, está desenhando, está montando o caderninho dela de trava-línguas, com editora, com conceito de editora, conceito de capa, tudo isso ao mesmo tempo.

Sobre a história em quadrinhos e o relatório: Nós colocamos muita ênfase no trabalho com gêneros diversos, que é algo fundamental para o letramento. Tempos atrás, só se trabalhava com a criança a história. A criança gosta de historinha, então devemos trabalhar só com histórias? Não. É preciso trabalhar com todos os gêneros. Por exemplo: aqui são crianças de Infantil 2, crianças de 5 anos, já trabalhando com história em quadrinhos e relatório. Elas já conseguem escrever o nome dos autores, o nome da escola, a história que leram, eles fazem a ilustração da história. Trabalham com as características da história em quadrinhos: as figuras, o uso do balão, eles ditam para a professora as falas, e as que já sabem escrever, escrevem diretamente. Estão criando o conceito de escrita de história em quadrinhos, o uso dos balões da história em quadrinhos.

Sobre a história da Dona Baratinha: Foi contada a história, mostrou-se o livro, o ilustrador, o autor, etc. Depois, as crianças fizeram um livro e, quando elas fazem, sabem que tem a folha de rosto, e elas usam essa terminologia: "Ana Maria Machado contou e o terceiro ano recontou!". É um reconto da história da baratinha. Todos escrevem seus nomes e reescrevem a história. O interessante é que, quando dizem que ela vai casar, criam um livro de noivas, com vestidos, uma revista de noivas, para Dona Baratinha escolher o vestido dela. A criança vai descobrindo o uso da escrita para várias finalidades. Tem o convite de casamento. E a professora traz um convite de casamento para as crianças, mostra o convite e diz a finalidade daquele convite, e para onde vão os convites. E muitas das nossas crianças são de camadas populares e não vivenciam o uso de tudo isto. Tem a receita do bolo, elas discutiram como se constrói uma receita, viram livros. Construíram um mapa da festa e, assim, articulam este conhecimento com outras áreas. Trabalha-se o bilhete contextualizado com a história. É lúdico, as crianças se divertem para criar isto. Pensam no texto para a internet, a venda do livro da Dona Baratinha, o pagamento que pode ser feito por vários cartões. E, dessa forma, trabalham os vários gêneros a partir da história que está aqui. Elas estão aprendendo a ler e a escrever os diferentes gêneros de leitura e escrita que circulam na sociedade. Não só a ler, mas a reconhecer e a escrever também.



Salto – E qual a importância desse processo de alfabetização para o processo inteiro de uma educação ao longo da vida?

Magda Soares – Sem esse processo inicial, a educação não vai para frente. Eu tenho uma história interessante na minha vida profissional, porque eu comecei trabalhando com ensino médio, e aí eu passei para a segunda etapa do ensino fundamental, e pensei: ainda não é aí que eu tenho que trabalhar. Passei a trabalhar com pesquisa, a realizar estudos na prática com as séries iniciais, e de um tempo para cá percebi que tinha que ir para a educação infantil e para a creche, pois é aí que está a base. Se nós não formamos e não construirmos o alicerce aí, não há futuro para essas crianças. Porque sem dominar a leitura e a escrita e as práticas sociais de leitura e de escrita, eles não têm um futuro garantido na vida de aprendizagem, para aprender Geografia, História, até chegar ao ensino superior. Sem essa base não é possível. E na vida pessoal, profissional também, porque, em nosso mundo, se a pessoa não está inserida no mundo da escrita dificilmente vence, ou até mesmo não vence.

FONTE: http://tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/entrevista.asp?cod_Entrevista=57
 
 
ANO DE 2005
Entrevista - Magda Soares


BB EducaR

Existem muitas pesquisas sobre o aprendizado da escrita. Os resultados desses trabalhos chegam ao alfabetizador?

Em um país como o nosso, com tanta extensão e diversidade, é impossível dizer se esses resultados chegam ?ao professor brasileiro?. A certos grupos chegam, a outros, não. Seria necessário que chegassem a todos. Esse é o papel que podem cumprir instrumentos que, como este jornal, buscam atingir o maior número possível de professores...



E o que têm revelado as pesquisas sobre o aprendizado da escrita?



Até os anos 80, as pesquisas na área de alfabetização eram, de certa forma, restritas, porque voltavam-se apenas para a questão metodológica. Toda a discussão se limitava à eficácia ou não de métodos: os analíticos, os sintéticos, o método global, o da palavração, o da silabação...



As pesquisas aumentaram a partir dos anos 80, como decorrência do chamado ?Construtivismo?, sobretudo pela influência dos estudos e pesquisas de Emília Ferreiro e de Ana Teberosky sobre o processo de aprendizagem da língua escrita pela criança. Passamos, então, a contar com um número grande de pesquisas, tomando como tema não mais o método de aprendizagem da língua escrita, mas o processo da criança na construção de conceitos sobre a língua escrita. O foco muda do ?como ensinar? para o ?como a criança aprende?. Depois, mais no fim dos anos 80, surgem as pesquisar lingüísticas: foi o momento em que os lingüistas finalmente se deram conta de que alfabetização era problema deles também.



Que contribuição as pesquisas trazem para o trabalho do alfabetizador?



Acho que ainda hoje falta integração entre as pesquisas sobre alfabetização. Cada pesquisador estuda uma faceta do ensino ou do aprendizado da língua escrita, privilegia um dos aspectos do processo. Porém, na sala de aula, na hora de a criança se alfabetizar, acontece tudo junto, todos esses aspectos estão presentes, simultaneamente. O que está faltando, para fins pedagógicos, é uma integração dos resultados das diferentes pesquisas que possibilite a tradução deles numa atuação didática, docente, capaz de orientar a criança no seu aprendizado. Talvez a falta dessa integração de resultados de pesquisas e de sua tradução em uma pedagogia da alfabetização é que explique as dificuldades que estamos enfrentando atualmente na alfabetização.



Hoje parece que há uma crise do Construtivismo, como se a crítica o considerasse uma teoria que não deu certo...



O Construtivismo não propôs métodos, nem tinha que propor, porque sempre se afirmou como uma teoria psicológica e não como uma teoria pedagógica. Mostra como a criança aprende, não se volta explicitamente para a questão de como o professor deve ensinar.



Foi um fenômeno - o chamado ?Construtivismo? na alfabetização - que, sob um ponto de vista sociológico, merecia ser estudado. Foi um movimento que invadiu as escolas de todo o País, e se multiplicaram os cursos para ensinar aos professores o ?Construtivismo?. Mas o que se ensinava a eles não era como alfabetizar a criança, era como a criança aprendia. Os métodos de alfabetização até então usados passaram a ser negados, com o argumento de que eles ignoravam o processo como a criança aprende. O que é uma verdade apenas parcial.



Costumo dizer que, antes do Construtivismo, os professores alfabetizadores tinham um método e nenhuma teoria. Eles ensinavam pelo global, pelo silábico, pelo fônico, mas as teorias que fundamentam esses métodos não eram discutidas. Eu mesma, quando formava professoras no então chamado Curso Normal, no que dizia respeito à alfabetização, discutia os métodos existentes e como é que se aplicava cada um. O Construtivismo veio negar esses métodos, mas não propôs outro método que os substituísse, trouxe uma teoria sobre a aprendizagem da língua escrita. Assim, antes se tinha um método e nenhuma teoria; depois passou-se a ter uma teoria e nenhum método. Passou-se até a considerar que adotar um método para alfabetizar era pecado mortal. Como se fosse possível ensinar qualquer coisa sem ter método...



Alguns professores acreditam que a solução para problemas na alfabetização será a retomada do método fônico e de outros métodos utilizados no passado. O que você acha disso?



Essa idéia de retomar métodos do passado faz parte daquela tendência tão comum, e tão enganosa, de considerar que antigamente tudo era melhor... Este recurso ao ?antigamente? é sempre um caminho falso. No caso da alfabetização, é um caminho falso porque antigamente o fracasso também era grande, como continua a ser hoje. A diferença é que, antes, ele era concentrado na série considerada ?de alfabetização?: o aluno não ia para frente, não era aprovado enquanto não se alfabetizasse, e os índices de reprovação na primeira série eram altos. Agora, o fracasso se deslocou. Passou a se evidenciar no meio e muitas vezes até mesmo no fim do ensino fundamental: alunos que chegam às séries ou ciclos finais dessa etapa semi-alfabetizados ou até não alfabetizados. Assim, o argumento de que o método fônico, usado sobretudo nos anos 70, dava certo e, portanto, deve ser retomado, não se sustenta. Isso porque havia reprovação e não-aprendizagem com o método fônico, como havia também com outros métodos. Não tem sentido uma volta ao passado esquecendo ou abandonando as contribuições fundamentais do Construtivismo e das ciências lingüísticas para a compreensão do processo de aprendizagem da língua escrita. Um exemplo: antes, o menino escrevia silabicamente e as professoras diziam: ?ele está engolindo letra, é disléxico, é preciso encaminhar para um psicólogo;? hoje, a teoria construtivista e os princípios lingüísticos evidenciam que escrever silabicamente é uma etapa normal do processo de descoberta do sistema de escrita. Fica claro como o avanço do conhecimento sobre a aprendizagem da língua escrita torna sem sentido torna sem sentido propostas de volta ao que se fazia antigamente.



Qual o prejuízo para a criança que aprende só pelo método fônico?



O mais adequado, pedagogicamente e até psicologicamente, é que a criança aprenda simultaneamente todas as competências e habilidades envolvidas na aquisição da língua escrita: aprenda a decodificar e codificar, isto é, aprenda as relações entre os ?sons? e as letras ou grafemas, ao mesmo tempo em que aprenda a compreender textos, a construir sentido para os textos, e ainda aprenda as funções da escrita, os diferentes gêneros de textos... Se o professor ensina seqüencialmente, sistematicamente, as relações fonema/grafema, como faz o método fônico, a criança acaba, sim, aprendendo a escrever e a ler, como codificação e decodificação, mas, e a compreensão? a construção de sentido? o entendimento das funções da escrita, o envolvimento em práticas sociais de leitura e escrita? Isso fica adiado ?para depois?; a criança aprende só a tecnologia da escrita, desligada de seus usos sociais, o que tira todo o sentido da tecnologia. Quando se reconhecem as várias facetas da escrita, não se pode aceitar que a criança aprenda com aquele tipo de texto ?O bebê baba?, ?Eva viu a uva?... textos que não circulam na sociedade, não fazem o menor sentido, não são um conto, uma poesia, uma parlenda, são artificialmente construídos com o único objetivo de ensinar a codificar e decodificar. Que conceito a criança constrói dos usos da língua escrita com textos como esses? A criança deve aprender a ler e a escrever interagindo com textos reais, com os diversos gêneros e portadores de texto que circulam na sociedade. Assim ela vai aprender não só as relações fonema/grafema, mas, simultaneamente, o sentido e função que tem a escrita.



Qual é então o método de alfabetização adequado no momento atual?



Cada uma das facetas da aprendizagem da língua escrita supõe um processo cognitivo específico. Não se aprende uma convenção (a relação fonema/grafema) da mesma forma que se aprende a construir sentido de um texto, a interpretar, a compreender. Aprender os diferentes usos e funções da escrita e os diferentes gêneros de texto também demanda processos cognitivos diferenciados.



A conseqüência é que, no estado atual dos conhecimentos sobre a língua escrita e sua aprendizagem, não se pode falar de um método de alfabetização, mas de métodos de alfabetização, no plural. Assim: ler histórias ou poemas ou textos informativos para as crianças, levá-las a interpretar esses diferentes textos supõe determinados procedimentos didáticos, enquanto que tomar palavras-chave de um texto lido e trabalhá-las para, com base nelas, desenvolver a aprendizagem das relações fonema/grafema supõe outros procedimentos. São diferentes métodos, diferentes procedimentos, porque são diferentes objetos de conhecimento e, portanto, diferentes processos de aprendizagem. Por isso, hoje é preciso ter métodos de alfabetização, não um único método de alfabetização.





SOARES, Magda. ?Nada é mais gratificante do que alfabetizar?. Letra A, Belo Horizonte, abril/maio 2005. Entrevista, p. 10-14.







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Fonte: site BB Educar 2005
http://www.fbb.org.br/bbeducar/pages/publico/expandir.fbb?codConteudoLog=2036

Data: 17/10/2005

NO ANO DE 2000
"LETRAR É MAIS QUE ALFABETIZAR" Entrevista com Magda Becker Soares


"LETRAR É MAIS QUE ALFABETIZAR"



Entrevista com Magda Becker Soares.



Nos dias de hoje, em que as sociedades do mundo inteiro estão cada vez mais centradas na escrita, ser alfabetizado, isto é, saber ler e escrever, tem se revelado condição insuficiente para responder adequadamente às demandas contemporâneas. É preciso ir além da simples aquisição do código escrito, é preciso fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano, apropriar-se da função social dessas duas práticas; é preciso letrar-se. O conceito de letramento, embora ainda não registrado nos dicionários brasileiros, tem seu aflorar devido à insuficiência reconhecida do conceito de alfabetização. E, ainda que não mencionado, já está presente na escola, traduzido em ações pedagógicas de reorganização do ensino e reformulação dos modos de ensinar, como constata a professora Magda Becker Soares, que, há anos, vem se debruçando sobre esse conceito e sua prática.





- O que levou os pesquisadores ao conceito de "letramento", em lugar do de alfabetização?



- A palavra letramento e, portanto, o conceito que ela nomeia entraram recentemente no nosso vocabulário. Basta dizer que, embora apareça com freqüência na bibliografia acadêmica, a palavra não está ainda nos dicionários. Há, mesmo, vários livros que trazem essa palavra no título. Mas ela não foi ainda incluída, por exemplo, no recente Michaelis, Moderno Dicionário da Língua Portuguesa , de 1998, nem na nova edição do Aurélio, o Aurélio Século XXI , publicado em 1999. É preciso reconhecer também que a palavra não foi incorporada pela mídia ou mesmo pelas escolas e professores. É ainda uma palavra quase só dos "pesquisadores", como bem diz a pergunta. O mesmo não acontece com o conceito que a palavra nomeia, porque ele surge como conseqüência do reconhecimento de que o conceito de alfabetização tornou-se insatisfatório.



- Por quê?



- A preocupação com um analfabetismo funcional [terminologia que a Unesco recomendara nos anos 70, e que o Brasil passou usar somente a partir de 1990, segundo a qual a pessoa apenas sabe ler e escrever, sem saber fazer uso da leitura e da escrita], ou com o iletrismo, que seria o contrário de letramento, é um fenômeno contemporâneo, presente até no Primeiro Mundo.



- E como isso ocorre?



- É que as sociedades, no mundo inteiro, tornaram-se cada vez mais centradas na escrita. A cada momento, multiplicam-se as demandas por práticas de leitura e de escrita, não só na chamada cultura do papel, mas também na nova cultura da tela, com os meios eletrônicos, que, ao contrário do que se costuma pensar, utilizam-se fundamentalmente da escrita, são novos suportes da escrita. Assim, nas sociedades letradas, ser alfabetizado é insuficiente para vivenciar plenamente a cultura escrita e responder às demandas de hoje.



- Qual tem sido a reação a esse fenômeno lá fora?



- Nos Estados Unidos e na Inglaterra, há grande preocupação com o que consideram um baixo nível de literacy da população, e, periodicamente, realizam-se testes nacionais para avaliar as habilidades de leitura e de escrita da população adulta e orientar políticas de superação do problema. Outro exemplo é a França. Os franceses diferenciam illettrisme muito claramente illettrisme de analphabétisme . Este último é considerado problema já vencido, com exceção para imigrantes analfabetos em língua francesa. Já illettrisme surge como problema recente da população francesa. Basta dizer que a palavra illettrisme só entrou no dicionário, na França, nos anos 80. Em Portugal é recente a preocupação com a questão do letramento, que lá ganhou a denominação de literacia, numa tradução mais ao pé da letra do inglês literacy .



- O que explica o aparecimento do conceito de letramento entre nós?



- Não se trata propriamente do aparecimento de um novo conceito, mas do reconhecimento de um fenômeno que, por não ter, até então, significado social, permanecia submerso. Desde os tempos do Brasil Colônia, e até muito recentemente, o problema que enfrentávamos em relação à cultura escrita era o analfabetismo, o grande número de pessoas que não sabiam ler e escrever. Assim, a palavra de ordem era alfabetizar. Esse problema foi, nas últimas décadas, relativamente superado, vencido de forma pelo menos razoável. Mas a preocupação com o letramento passou a ter grande presença na escola, ainda que sem o reconhecimento e o uso da palavra, traduzido em ações pedagógicas de reorganização do ensino e reformulação dos modos de ensinar.



- Como o conceito de letramento, mesmo sem que se utilize este termo, vem sendo levado à prática?



- No início dos anos 90, começaram a surgir os ciclos básicos de alfabetização, em vários estados; mais recentemente, a própria lei [Lei de Diretrizes e Bases, de 1996] criou os ciclos na organização do ensino. Isso significa que, pelo menos no que se refere ao ciclo inicial, o sistema de ensino e as escolas passam a reconhecer que alfabetização, entendida apenas como a aprendizagem da mecânica do ler e do escrever e que se pretendia que fosse feito em um ano de escolaridade, nas chamadas classes de alfabetização, é insuficiente. Além de aprender a ler e a escrever, a criança deve ser levada ao domínio das práticas sociais de leitura e de escrita. Também os procedimentos didáticos de alfabetização acompanham essa nova concepção: os antigos métodos e as antigas cartilhas, baseados no ensino de uma mecânica transposição da forma sonora da fala à forma gráfica da escrita, são substituídos por procedimentos que levam as crianças a conviver, experimentar e dominar as práticas de leitura e de escrita que circulam na nossa sociedade tão centrada na escrita.



- Como se poderia, então, definir letramento?



- Letramento é, de certa forma, o contrário de analfabetismo. Aliás, houve um momento em que as palavras letramento e alfabetismo se alternavam, para nomear o mesmo conceito. Ainda hoje há quem prefira a palavra alfabetismo à palavra letramento - eu mesma acho alfabetismo uma palavra mais vernácula que letramento, que é uma tentativa de tradução da palavra inglesa literacy , mas curvo-me ao poder das tendências lingüísticas, que estão dando preferência a letramento. Analfabetismo é definido como o estado de quem não sabe ler e escrever; seu contrário, alfabetismo ou letramento, é o estado de quem sabe ler e escrever. Ou seja: letramento é o estado em que vive o indivíduo que não só sabe ler e escrever, mas exerce as práticas sociais de leitura e escrita que circulam na sociedade em que vive: sabe ler e lê jornais, revistas, livros; sabe ler e interpretar tabelas, quadros, formulários, sua carteira de trabalho, suas contas de água, luz, telefone; sabe escrever e escreve cartas, bilhetes, telegramas sem dificuldade, sabe preencher um formulário, sabe redigir um ofício, um requerimento. São exemplos das práticas mais comuns e cotidianas de leitura e escrita; muitas outras poderiam ser citadas.



- Ler e escrever puramente tem algum valor, afinal?



- Alfabetização e letramento se somam. Ou melhor, a alfabetização é um componente do letramento. Considero que é um risco o que se vinha fazendo, ou se vem fazendo, repetindo-se que alfabetização não é apenas ensinar a ler e a escrever, desmerecendo assim, de certa forma, a importância de ensinar a ler e a escrever. É verdade que esta é uma maneira de reconhecer que não basta saber ler e escrever, mas, ao mesmo tempo, pode levar também a perder-se a especificidade do processo de aprender a ler e a escrever, entendido como aquisição do sistema de codificação de fonemas e decodificação de grafemas, apropriação do sistema alfabético e ortográfico da língua, aquisição que é necessária, mais que isso, é imprescindível para a entrada no mundo da escrita. Um processo complexo, difícil de ensinar e difícil de aprender, por isso é importante que seja considerado em sua especificidade. Mas isso não quer dizer que os dois processos, alfabetização e letramento, sejam processos distintos; na verdade, não se distinguem, deve-se alfabetizar letrando .



- De que forma?



- Se alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de escrita. Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever; uma criança letrada (tomando este adjetivo no campo semântico de letramento e de letrar, e não com o sentido que tem tradicionalmente na língua, este dicionarizado) é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer de leitura e de escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou portadores, em diferentes contextos e circunstâncias. Se a criança não sabe ler, mas pede que leiam histórias para ela, ou finge estar lendo um livro, se não sabe escrever, mas faz rabiscos dizendo que aquilo é uma carta que escreveu para alguém, é letrada, embora analfabeta, porque conhece e tenta exercer, no limite de suas possibilidades, práticas de leitura e de escrita. Alfabetizar letrando significa orientar a criança para que aprenda a ler e a escrever levando-a a conviver com práticas reais de leitura e de escrita: substituindo as tradicionais e artificiais cartilhas por livros, por revistas, por jornais, enfim, pelo material de leitura que circula na escola e na sociedade, e criando situações que tornem necessárias e significativas práticas de produção de textos.



- O processo de letramento ocorre, então, mesmo entre crianças bem pequenas...



- Pode-se dizer que o processo começa bem antes de seu processo de alfabetização: a criança começa a "letrar-se" a partir do momento em que nasce numa sociedade letrada. Rodeada de material escrito e de pessoas que usam a leitura e a escrita - e isto tanto vale para a criança das camadas favorecidas como para a das camadas populares, pois a escrita está presente no contexto de ambas -, as crianças, desde cedo, vão conhecendo e reconhecendo práticas de leitura e de escrita. Nesse processo, vão também conhecendo e reconhecendo o sistema de escrita, diferenciando-o de outros sistemas gráficos (de sistemas icônicos, por exemplo), descobrindo o sistema alfabético, o sistema ortográfico. Quando chega à escola, cabe à educação formal orientar metodicamente esses processos, e, nesse sentido, a Educação Infantil é apenas o momento inicial dessa orientação.



- O processo de letramento ocorre durante toda a vida escolar?



- A alfabetização, no sentido que atribuí a essa palavra, é que se concentra nos primeiros anos de escolaridade. Concentra-se aí, mas não ocorre só aí: por toda a vida escolar os alunos estão avançando em seu domínio do sistema ortográfico. Aliás, um adulto escolarizado, quando vai ao dicionário, resolver dúvida sobre a escrita de uma palavra está retomando seu processo de alfabetização. Mas esses procedimentos de alfabetização tardia são esporádicos e eventuais, ao contrário do letramento, que é um processo que se estende por todos os anos de escolaridade e, mais que isso, por toda a vida. Eu diria mesmo que o processo de escolarização é, fundamentalmente, um processo de letramento.



- Em qualquer disciplina?



- Em todas as áreas de conhecimento, em todas as disciplinas, os alunos aprendem através de práticas de leitura e de escrita: em História, em Geografia, em Ciências, mesmo na Matemática, enfim, em todas as disciplinas, os alunos aprendem lendo e escrevendo. É um engano pensar que o processo de letramento é um problema apenas do professor de Português: letrar é função e obrigação de todos os professores. Mesmo porque em cada área de conhecimento a escrita tem peculiaridades, que os professores que nela atuam é que conhecem e dominam. A quantidade de informações, conceitos, princípios, em cada área de conhecimento, no mundo atual, e a velocidade com que essas informações, conceitos, princípios são ampliados, reformulados, substituídos, faz com que o estudo e a aprendizagem devam ser, fundamentalmente, a identificação de ferramentas de busca de informação e de habilidades de usá-las, através de leitura, interpretação, relacionamento de conhecimentos. E isso é letramento, atribuição, portanto, de todos os professores, de toda a escola.



- Mas seria maior a responsabilidade do professor de Português?



- É claro que o professor de Português tem uma responsabilidade bem mais específica com relação ao letramento: enquanto este é um "instrumento" de aprendizagem para os professores das outras áreas, para o professor de Português ele é o próprio objeto de aprendizagem, o conteúdo mesmo de seu ensino.



- Muitos pais reclamam do fato de, hoje, os grandes textos de literatura, nos livros didáticos, darem lugar a letras de música, rótulos de produtos, bulas de remédio. O que essa ênfase nos textos do dia-a-dia tem de positivo e o que teria de negativo?



- É verdade que o conceito de letramento, bem como a nova concepção de alfabetização que decorre dele e também das teorias do construtivismo que chegaram ao campo da educação e do ensino nos anos 80, trouxeram um certo exagero na utilização de diferentes gêneros e diferentes portadores de texto na sala de aula. É realmente lamentável que os textos literários, até pouco tempo atrás exclusivos nas aulas de Português, tenham perdido espaço. É preciso não esquecer que, exatamente porque a literatura tem, lamentavelmente, no contexto brasileiro, pouca presença na vida cotidiana dos alunos, cabe à escola dar a eles a oportunidade de conhecê-la e dela usufruir. Por outro lado, tem talvez faltado critério na seleção dos gêneros. Por exemplo: parece-me equivocado o trabalho com letras de música, que perdem grande parte de seu significado e valor se desvinculadas da melodia: é difícil apreciar plenamente uma canção de Chico Buarque ou de Caetano Veloso lendo a letra da canção como se fosse um poema, desligada ela da música que é quem lhe dá o verdadeiro sentido e a plena expressividade. Parece óbvio que devem ser priorizados, para as atividades de leitura, os gêneros que mais freqüentemente ou mais necessariamente são lidos, nas práticas sociais, e, para as atividades de produção de texto, os gêneros mais freqüentes ou mais necessários nas práticas sociais de escrita. Estes não coincidem inteiramente com aqueles, já que há gêneros que as pessoas lêem, mas nunca ou raramente escrevem, e há gêneros que as pessoas não só lêem, mas também escrevem. Por exemplo: rótulos de produtos são textos que devemos aprender a ler, mas certamente não precisaremos aprender a escrever. Assim, a adoção de critérios bem fundamentados para selecionar quais gêneros devem ser trabalhados em sala de aula, para a leitura e para a produção de textos, afastará os aspectos negativos que uma invasão excessiva e indiscriminada de gêneros e portadores sem dúvida tem.



- A condução do processo de letramento difere, no caso de se lidar com uma criança de classe mais favorecida ou com uma de classe popular?



- Em sociedades grafocêntricas como a nossa, tanto crianças de camadas favorecidas quanto crianças das camadas populares convivem com a escrita e com práticas de leitura e escrita cotidianamente, ou seja, umas e outras vivem em ambientes de letramento. A diferença é que crianças das camadas favorecidas têm um convívio inegavelmente mais freqüente e mais intenso com material escrito e com práticas de leitura e de escrita do que as crianças das camadas populares, e, o que é mais importante, essas crianças, porque inseridas na cultura dominante, convivem com o material escrito e as práticas que a escola valoriza, usa e quer ver utilizados. Dois aspectos precisam, então, ser considerados: de um lado, a escola deve aprender a valorizar também o material escrito e as práticas de leitura e de escrita com que as crianças das camadas populares convivem; de outro lado, a escola deve dar oportunidade a essas crianças de ter acesso ao material escrito e às práticas da cultura dominante. Da mesma forma, a escola que serve às camadas dominantes deve dar oportunidade às crianças dessas camadas de conhecer e usufruir da cultura popular, tendo acesso ao material escrito e às práticas dessa cultura.



- Como deve ser a preparação do professor para que ele "letre"? Em que esse preparo difere daquele que o professor recebe hoje?



- Entendendo a função do professor, de qualquer nível de escolaridade, da Educação Infantil à educação pós-graduada, como uma função de letramento dos alunos em sua área específica, o professor precisa, em primeiro lugar, ser ele mesmo letrado na sua área de conhecimento: precisa dominar a produção escrita de sua área, as ferramentas de busca de informação em sua área, e ser um bom leitor e um bom produtor de textos na sua área. Isso se refere mais particularmente à formação que o professor deve ter no conteúdo da área de conhecimento que elegeu. Mas é preciso, para completar uma formação que o torne capaz de letrar seus alunos, que conheça o processo de letramento, que reconheça as características e peculiaridades dos gêneros de escrita próprios de sua área de conhecimento. Penso que os cursos de formação de professores, em qualquer área de conhecimento, deveriam centrar seus esforços na formação de bons leitores e bons produtores de texto naquela área, e na formação de indivíduos capazes de formar bons leitores e bons produtores de textos naquela área.



(Jornal do Brasil - 26/11/2000)




ARTIGOS :  http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf
Letramento e alfabetização: as muitas facetas*


Artigo: A reinvenção da alfabetização - Magda Soares
http://proportoseguro.blogspot.com/2009/01/artigo-reinveno-da-alfabetizao-magda.html

Língua escrita, sociedade e cultura


Relações, dimensões e perspectivas

Magda Becker Soares
http://educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/n00/n00a02.pdf

NOVAS PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA:


LETRAMENTO NA CIBERCULTURA

MAGDA SOARES*
http://www.scielo.br/pdf/es/v23n81/13935.pdf
O QUE É LETRAMENTO
http://verzeri.org.br/artigos/003.pdf

 

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